STF pode inaugurar o ‘ativismo constitucional’
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terça-feira, 01 de dezembro de 2020
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“Não existe hoje no Brasil a possibilidade de voto impresso”
Presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, responde ao presidente Bolsonaro, em entrevista
STF pode inaugurar o ‘ativismo constitucional’
O Supremo Tribunal Federal julga nesta semana a ação que visa permitir reeleição de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre como presidentes de Câmara e Senado, respectivamente, e pode levar o ativismo judicial a um novo patamar, segundo juristas. Para o especialista em direito constitucional Acácio Miranda da Silva Filho, a ação movida pelo PTB trata dos regimentos internos, que não podem desrespeitar o que prevê a Constituição. A menos que o STF invente o "ativismo constitucional".
Balão de ensaio
“Plantações” atribuídas a Rodrigo Maia em Brasília dão conta de que a maioria dos ministros se inclina a quebrar esse galho para a dupla.
Inconstitucional
Silva Filho explica que a Constituição, por si só, proíbe a reeleição na mesma legislatura. Regimento interno não é maior que a Constituição.
Em português
O Art 57, parágrafo 4º determina explicitamente que é “vedada recondução para mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente”.
Objetivo final
Adotando mais uma interpretação criativa, o STF viabilizaria a reeleição de Maia e Alcolumbre e inviabilizaria de vez o governo Bolsonaro.
Institutos de pesquisa deram vexame em 2020
As eleições de 2020 serão lembradas pelos erros de institutos que “amarelaram” e cancelaram as tradicionais pesquisas de boca de urna. O Datafolha apontou a vitória de Marília Arraes (PT) no Recife e o Ibope “viu” Manuela D’Ávila (PCdoB) na frente (51% a 49%) em Porto Alegre, mas deu Sebastião Melo (55% a 45%). Ainda errou na precisão de votos de Bruno Covas (PSDB) em São Paulo. O dia da eleição chegou, os resultados foram outros e os institutos tentam explicar o inexplicável.
Muito além da margem
Em Fortaleza, o Ibope apontou na véspera da eleição que Sarto, do PDT, venceria com 61%. Errou por dez pontos: ele venceu com 51%.
Longe da precisão
Em Belém (PA), o atual prefeito Edmilson (Psol) venceria o segundo turno, segundo o Ibope da véspera, por 16 pontos. Ganhou por 3,5%.
Histórico não recomenda
As pesquisas também deram vexame em 2018, com Witzel no Rio e Romeu Zema em Minas, e nas derrotas de Dilma e Eduardo Suplicy.
Pauta holofote
É triste a perda de tempo do STF discutindo a “obrigatoriedade” de uma vacina que não existe. O STF deve ter mais a fazer. A obrigatoriedade será imposta pelo mercado, da entrevista de emprego à viagem de avião.
Ojeriza reafirmada
A eleição em Maceió confirmou que os eleitores da capital alagoana não aceitam o domínio do clã Calheiros desde 1988, quando o senador perdeu para Guilherme Palmeira. Desde então, todos os candidatos que ele apoiou foram derrotados, e a maioria nem chegou ao segundo turno.
Vitória de um profissional
A vitória de Cícero Lucena (MDB) em João Pessoa pode ser considerada a síntese da vontade do eleitor na disputa de 2020. Venceu alguém que cultiva o diálogo, busca o entendimento, prioriza a velha e boa política.
Os maiores de sempre
Entre as sete capitais que disputava no domingo, o MDB venceu em cinco delas e voltou a ser o partido com o controle do maior número de capitais estaduais. DEM e PSDB têm quatro cada.
Assunto que importa
Cármen Lúcia (STF) decidiu que Bolsonaro não pode bloquear usuários hostis no Twitter porque tudo que ele escreve é “oficial”. O entendimento é que o presidente é obrigado a agasalhar desaforos em suas redes.
Média alta
Capital do Pará, Belém registrou a menor taxa de abstenção no segundo turno, entre as 18 capitais: 20,77%. Já Goiânia foi a recordista de domingo: 36,75% dos eleitores não compareceram às urnas.
Fez diferença
No Rio de Janeiro a taxa de abstenção superou até mesmo o número de votos obtidos pelo vencedor Eduardo Paes (DEM). O prefeito eleito teve 1,62 milhão de votos e 1,72 milhão de cariocas ficaram em casa.
Debate importante
O TCU promove, dias 3 e 4, o Fórum Nacional de Controle com foco na inovação para a educação. O ministro Augusto Nardes, coordenador do fórum, destaca a integração de instituições de controle e a sociedade.
Pergunta nas redes
Melhor instituto de pesquisa ou cartomante?
PODER SEM PUDOR
Ameaça esquecida
Em 1990, eletricitários em greve ameaçavam promover um grande apagão no país. O governo designou uma comissão de negociação da qual fazia parte o ministro Antônio Rogério Magri, que presidiu o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. Um repórter de boa memória provocou: “Quando era sindicalista, o senhor ameaçou provocar um blecaute...” Magri respondeu, ruborizado: “Foi só uma ameaçazinha...”
Mas em 1988, numa greve, ele havia ameaçado “apagar o país do Oiapoque ao Chuí”.
Com André Brito e Tiago Vasconcelos