Senado censura opinião do cidadão há 42 dias
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Claudio Humberto
“Um manda, outro obedece”
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, sobre o recuo na compra de vacina chinesa
Senado censura opinião do cidadão há 42 dias
Já passa de 42 dias a “manutenção” usada como desculpa pelo Senado para retirar do ar, no site oficial, consultas públicas sobre os projetos em tramitação. A censura se estabeleceu após a enquete do site “E-Cidadania” registrar a repulsa de 99% de quase 9 mil eleitores que opinaram sobre a proposta de emenda à Constituição que permite a reeleição dos presidentes Davi Alcolumbre (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara). Subitamente, o site entrou “em manutenção”. Até hoje.
Ruim de serviço
Segundo a Secretaria-Geral e o Prodasen, a “manutenção” seria finalizada até 25 de setembro, mas a opinião popular segue censurada.
Silêncio
A avaliação sumiu a pretexto de “manutenção”, segundo o Senado, à época. Questionado novamente, não respondeu aos questionamentos.
Rejeição? Imagina
O Senado também culpou frequentes “tentativas de ataques à rede”, que culminaram na manutenção para “varredura de segurança”. De 42 dias?
Veio a calhar
O bloqueio impede também a consulta sobre a cassação do senador Chico cuecão Rodrigues (RR), articulador da reeleição de Alcolumbre.
Militar, Pazuello bate continência para o presidente
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, liquidou especulações sobre sua suposta “insatisfação” com a decisão do presidente Jair Bolsonaro de desautorizar o acordo para comprar 46 milhões de doses de eventual vacina de origem chinesa, produzida pelo Butantã. “Um manda, outro obedece”, resumiu o general e ministro, fiel à hierarquia, um dos mais caros valores da caserna. Bolsonaro é o presidente, comandante em chefe das Forças Armadas, é ele quem manda. Simples assim.
Pernas curtas
Divulgou-se a lorota de “insatisfação dos militares” pelo fato de Pazuello ter sido desautorizado. Todos eles também batem continência.
Jogo político
Inexperiente em política, Pazuello foi convencido de que estaria sendo usado para favorecer o governador João Doria, inimigo do seu chefe.
Festa em casa alheia
Para o Planalto, Doria manipulou o ministro para brilhar numa festa para a qual não convidaram o “dono da casa”, que resolveu chutar o balde.
Conta outra, chinês
Não ajuda na credibilidade da vacina os números que a China divulga sobre a contaminação de Covid. A ditadura da nação mais populosa do mundo relata apenas 85.715 casos, 4.634 mortes e 247 casos ativos.
Palpiteiro até no TCU
Após auditoria no Ministério da Saúde, o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União, resolveu palpitar sobre a pandemia, “determinando” providências contra novas ondas de covid. Ele acha que o vírus só será vencido quando todos os brasileiros forem imunizados.
Corda em casa de enforcado
Ambientalistas de araque vão falar mal do Brasil na União Europeia, “denunciando os impactos da hidrelétrica de Sinop”. Logo a europeus, cuja energia vem 70% de petróleo, gás ou carvão, segundo a Eurostat.
Contando os dias
O isolamento prolongado tem mexido com o psicológico das pessoas e ninguém aguenta mais ficar em casa. Prova disso é que a busca por viagens cresceu 32% na semana antes do Dia das Crianças este ano.
França em alerta
A França sofre com a segunda e mais grave onda de contágios de covid e passou de 1 milhão após 41,6 mil novos casos ontem. No sentido oposto, o Brasil não tem tantos casos diários desde 11 de setembro.
Febeapá da vacina
No Festival de Besteiras que Assolam o País (Febeapá) sobre covid, o PDT de Carlos Lupi foi ao STF para dar aos governos estaduais o direito de obrigar a população a tomar vacina. Os abestados não explicam como obrigar vacinação se não haverá vacinas para todos.
Números, números
Brasil e Estados Unidos registram letalidade por covid de 7 para cada 10.000 habitantes. Números idênticos ao do terremoto em L'Aquila, no centro da Itália, em 2009, e à taxa de mortalidade da cirurgia de tireoide.
Novo livro
"Retalhos de meus devaneios", é o título do novo livro do coronel Diógenes Dantas Filho, com prefácio do general Agenor Francisco Homem de Carvalho. Ambos trabalharam com o ex-presidente Collor.
Pensando bem...
...as videoconferências passam, mas os prints são eternos.
PODER SEM PUDOR
Deputado assíduo
O assíduo deputado Chico Arlindo fez um discurso criticando os deputados faltosos da Assembleia Legislativa de Alagoas, lembrando que ele ali comparecia “cotidiariamente”. O deputado Aurélio Viana aparteou, com ar irônico: “Não é “cotidiariamente”, deputado; o certo é ‘cotidianamente’”. Chico Arlindo devolveu: “Cotidianamente para Vossa Excelência, que só aparece aqui uma vez por ano. Para mim, que venho todos os dias, é cotidiariamente mesmo.”
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Com André Brito e Tiago Vasconcelos
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