Um telescópio para ver o espetáculo a cada 18 anos
Se a Lua nos emociona, camadas mais distantes do Universo nos intrigam, aquelas que não alcançamos a olho nu, onde revelam-se mistérios
PUBLICAÇÃO
sábado, 06 de julho de 2024
Se a Lua nos emociona, camadas mais distantes do Universo nos intrigam, aquelas que não alcançamos a olho nu, onde revelam-se mistérios
Celia Musilli
No dia 21 de junho, uma Lua extraordinária fez com que milhares de pessoas observassem o Lunistício. Para simplificar, o fenômeno acontece aproximadamente a cada 18 anos, quando o satélite da Terra atinge seu ponto mais alto no céu. O brilho intenso capturou o olhar de quem estava nas ruas aqui mesmo em Londrina ou em locais ermos para ver a Lua em sua fase cheia..
Se a Lua nos emociona, camadas mais distantes do Universo nos intrigam, aquelas que não alcançamos a olho nu, onde aprofundam-se ou revelam-se mistérios. Mas, à medida em que telescópios cada vez mais potentes são criados, eles nos aproximam do que parecia impossível: ver de perto estrelas, nebulosas e galáxias.
Um dos os maiores telescópios do mundo está no Chile, na verdade um sistema de quatro telescópios óptico, chamado VLT (Very Large Telescope), concentrados num único lugar. Eles podem ser usados individualmente, mas em conjunto criam uma imagem que permite aos astrônomos ver detalhes de mundos e fundos com uma precisão 25 vezes maior.
Já o famoso Hubble é um satélite artificial, não tripulado, que transporta um grandioso telescópio para luz visível e infravermelha. Ele não registra imagens a partir da Terra, mas viaja ao redor do planeta desde que foi lançado em 1990 pela Nasa, mas já está sendo desativado.
Em dezembro de 2021 foi lançado o "sucessor" do Hubble, o telescópio James Webb, que graças à tecnologia do infravermelho, orbita não em torno da Terra, mas em torno do Sol, captando imagens da infância do Cosmos. Num contexto que parecia inimaginável, o James Webb investiga tudo, desde as luzes do primeiro Big Bang até o surgimento de sistemas capazes de propiciar vida, como na Terra.
Muito acima de nossas cabeças, das constelações visíveis, do show de cores das auroras boreais, existem mundos onde nascem estrelas e sistemas planetários, berçários esplêndidos que até parecem cenários de ficção científica.
Uma das formações mais fantásticas dessa arquitetura são os chamados "Pilares da Criação", colunas gigantescas de gás e poeira estelar localizadas na Nebulosa da Águia, na Via Láctea, um aglomerado que fica a 7.000 anos-luz da Terra. Ela foi descoberta pelo astrônomo suíço Jean-Philippe de Chéseaux em 1745. Sua primeira imagem foi feita pelo Telescópio Hubble, em 1995. Mas a imagem mais recente foi do telescópio James Webb em 2022. As imagens se estendem em pilares a uma distância de 4 a 5 anos-luz, um colosso que aproxima a humanidade daquilo que parecia impossível, conhecer berçários de estrelas, uma visão que amplia e redimensiona esses laboratórios de gases e poeira. E ninguém sabe, ainda, aonde a ciência poderá chegar, isso nos deslumbra e - por que não? - assombra.
Olhar para o céu para tentar compreendê-lo é uma das jornadas mais fascinantes da humanidade. Olho para cima desde a infância, embalada pela curiosidade do meu pai que nos contava sobre os satélites num período em que poucos leigos se aventuravam a tanto. Até por isso, sou grata por ter tido um pai que me descortinou estrelas.