Sabbath: no creo en brujas, pero que las hay, las hay
Um poema para o Dia das Bruxas que nunca sabemos se existem ou não
PUBLICAÇÃO
sábado, 26 de outubro de 2024
Um poema para o Dia das Bruxas que nunca sabemos se existem ou não
Celia Musilli

Não acredito em bruxas
mas confio em suas mãos que alisam gatos
e tiram do olho o cisco de estrelas enfileiradas
…
Não acredito em bruxas
mas provo a sopa de lótus, mandrágora e tequila
nuns goles soberbos como a Frida maga mexicana
…
Não acredito em bruxas
mas queimo no fogo sagrado as essências da Terra
hábito de mulheres que brincam com escorpiões de ouro
e os aninham como chamas no colo da Deusa
…
Não acredito em bruxas
mas voo em direção à lua cheia de escândalos
onde cavalgo nuvens encantadas com a doçura
Loucura? Ou só um ato condizente com o turbilhão da vida?
…
Não acredito em bruxas
mas vasculho galáxias enquanto pingo colírio
poemas e lágrimas quentes
no sexo de quem partiu mas nunca me deixou
…
Não acredito em bruxas
mas jogo búzios, runas e cartas del diablo sobre a mesa
para perguntar em linguagem direta aos amantes: e daí?
Numa ousadia de arrepiar constelações
…
Não acredito em bruxas
mas sibilo para mostrar que a palavra
sim, a palavra
é a mais alta magia deste abracadabra de coxas, músculos, corpos, líquens, giletes
que sulcam orgasmos de sílabas e ais
neste Sabbath de Samanthas em datas irreais

