Não acredito em bruxas

mas confio em suas mãos que alisam gatos

e tiram do olho o cisco de estrelas enfileiradas

Não acredito em bruxas

mas provo a sopa de lótus, mandrágora e tequila

nuns goles soberbos como a Frida maga mexicana

Não acredito em bruxas

mas queimo no fogo sagrado as essências da Terra

hábito de mulheres que brincam com escorpiões de ouro

e os aninham como chamas no colo da Deusa

Não acredito em bruxas

mas voo em direção à lua cheia de escândalos

onde cavalgo nuvens encantadas com a doçura

Loucura? Ou só um ato condizente com o turbilhão da vida?

Não acredito em bruxas

mas vasculho galáxias enquanto pingo colírio

poemas e lágrimas quentes

no sexo de quem partiu mas nunca me deixou

Não acredito em bruxas

mas jogo búzios, runas e cartas del diablo sobre a mesa

para perguntar em linguagem direta aos amantes: e daí?

Numa ousadia de arrepiar constelações

Não acredito em bruxas

mas sibilo para mostrar que a palavra

sim, a palavra

é a mais alta magia deste abracadabra de coxas, músculos, corpos, líquens, giletes

que sulcam orgasmos de sílabas e ais

neste Sabbath de Samanthas em datas irreais