Ver a cultura despertando do longo hiato da pandemia, que durou cerca de 20 meses sem apresentações artísticas, dá uma alegria que se equipara à chegada das festas de fim de ano. A arte tem essa qualidade de tornar tudo melhor, criticando ou agradando, e sem ela ficamos mais tristes porque a arte nos move.

Londrina abriu a retomada de sua agenda de shows no último fim de semana com a apresentação de Paulo Ricardo no Teatro Marista e novembro chega com Gusttavo Lima no Parque de Exposições Ney Braga, no dia 28. Uma atração e tanto para quem é fã do sertanejo.

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. | Foto: Marco Jacobsen

Mas nada me alegra mais do que ver a arte local despertando, ela carrega nossa identidade, nossas marcas e nosso sotaque. Recentemente, tivemos o show de Carla Casarim e Alice Tirolla no Bar Valentino em homenagem ao Outubro Rosa. Duas cantoras locais de peso nacional, presentes na cidade que tem estrita relação com a música, desde a sua formação boêmia, passando pelos festivais que formaram e informaram públicos. Temos na cena musical artistas "tipo exportação'' que fazem sucesso no Brasil inteiro.

Também recentemente, os artistas do Barracão Tangará estrearam o espetáculo "Conexão" que trouxe de volta a magia do circo. Quem viu me falou das performances que aproximam o circo da dança, em números que não perco por nada quando o espetáculo abrir temporada.

Nos palcos ou nas Vilas Culturais patrocinadas pelo Promic - Programa Municipal de Incentivo à Cultura - artéria da cidade que faz a cultura pulsar, os artistas locais estão voltando e o fim do ano traz uma agenda de eventos. Tivemos também uma amostra disso com o 6º Festival CapStyle Graffiti que transformou, no último fim de semana, o muro do cemitério Jardim da Saudade numa obra de arte, correspondendo à vibração da zona norte que também nos deu e dá muitos artistas.

Estimulante em Londrina é perceber a capilaridade da arte que se encontra também em bairros distantes, não só no centro. Esta capilaridade proporciona um encontro com talentos que estão em todos os lugares, bastando um mecanismo de "garimpo" para ver o ouro brilhar.

O papel bem feito pelo poder público, há décadas, também é abraçado eventualmente pela iniciativa privada que percebe que só uma cidade artística e culta pode se projetar no mapa nacional como aconteceu com Londrina. Também deve perceber que a arte não só alimenta a vida, como oferece trabalho dos mais delicados e dedicados à comunidade.

Com expectativas, aguardo os festivais de música, dança, teatro e cinema, os festivais que trazem à cidade talentos do mundo inteiro, deixando também na nossa cultura a marca do novo, da vanguarda planetária. A isso devem-se somar as atrações locais nos mais diferentes palcos da cidade: do Teatro Ouro Verde ao Anfiteatro do Zerão, em shows fechados ou a céu aberto, ainda com as devidas medidas de segurança.

Despertos do sono bruto da pandemia, celebramos a arte com a alegria que só os artistas podem nos dar, com seu sopro poético infiltrado nos pulmões da cidade como parte do oxigênio que nos mantém vivos a cada dia.