Às vezes as pessoas não conseguem sentir o cheiro do autoritarismo quando ele vai se aproximando. Foi assim na História quando começaram a injuriar judeus, apedrejar suas lojas, colar cartazes sujos em suas casas. E sabemos no que deu!

Atualmente, observo uma semelhança com esse estado de coisas no Brasil. Quando tentam constranger o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, quando agridem o arcebispo de São Paulo, Dom Orlando Scherer, quando paralisam uma missa em Fazenda Grande, região metropolitana de Curitiba, quando ofendem pessoas, algumas de grande importância para a comunidade, como lideranças religiosas daqui mesmo, da região de Londrina. Todos se lembram dos outdoors atacando covardemente o arcebispo Dom Geremias Steinmetz há uns dois anos.

Agora, vejo um padre que admiro pela inteligência, lucidez e cultura sendo atacado aqui na região porque manifestou seu voto em Lula. Adulteraram um vídeo, no qual ele faz uma argumentação politica, de uma forma tão tosca e irresponsável que me recuso a reproduzi-lo, isso seria descer ao nível de seus detratores.

O padre Manuel Joaquim dos Santos é um líder religioso, uma pessoa boa, uma pessoa culta que estudou teologia e psicologia. O padre Manuel é colaborador frequente da FOLHA, no Espaço Aberto, e respeitado por seus leitores. Ele sobretudo é um ser humano solidário com sua comunidade, com os menos favorecidos, e tem todo o direito de declarar livremente seu voto, como todos nós.

Tentam prejudicar sua imagem no próprio meio católico e considero isso um ato de violência contra quem diz o que pensa e age politicamente de acordo com seus princípios. Princípios cristãos porque Cristo sempre se colocou ao lado dos pobres assim como o padre Manuel, o arcebispo de Aparecida, o padre Júlio Lancelotti.

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. | Foto: Marco Jacobsen

Quero chamar a atenção da sociedade de Londrina e do Brasil para o fato de algumas pessoas estarem germinando o autoritarismo em atitudes que não podem ser tratadas como banalidade, como "piadinhas" da internet, porque são grosseiras e perigosas. Independentemente de quem ganhe as eleições, a sociedade precisa se curar da ferida do extremismo.

Constranger pessoas pelo o que elas pensam é autoritário, perseguir pessoas pelo que representam é antidemocrático, colar cartazes sujos e detratar lideranças publicamente é um jogo abominável, muito além da simples disputa política.

Há um germe autoritário em nossa sociedade e se não tomarmos cuidado, fazendo prevalecer a ética e não o falso moralismo, veremos a volta do extremismo sendo tratado como brincadeirinha do Tik Tok, até aquele ponto sem volta em que as pessoas que pensam diferente e expressam sua opinião começam a desaparecer para serem torturadas ou mortas. Não vai longe o tempo em que vimos isso acontecer. E não foi nenhuma "dancinha de Tik Tok."

Há elementos que me fazem pensar que o Brasil, neste momento, faz uma dança macabra ao redor do abismo.

Então, tomem cuidado com vídeos e posturas inadequadas em tempo de eleição. A integridade da democracia não se preserva com ignorância, baixaria e ódio. Cuidado com as causas que vocês apoiam sem refletir, cuidado com o que vocês abraçam. Pode ser mais um passo para o abismo da incompreensão.

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A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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