Cadeiras arrastadas, portas batendo, pisadas fortes, correria, pulos, bolinhas rolando no chão, boladas na parede, som alto, risadas, descargas a cada meia hora, malas de rodinha transportadas ininterruptamente, ruídos secos como se batessem pregos, móveis rangendo. Tudo isso fora de hora, sempre madrugada adentro, quando os "de baixo" precisam dormir para acordar cedo, enquanto os "de cima" parecem não ter horário para nada.

De nada adiantam avisos do condomínio nem reclamações de outros moradores, ameaças de multa. Após uma semana de silêncio, depois da bronca, o barulho volta como se o edifício inteiro pertencesse só a um morador ou a duas pessoas, em constantes desafios à lei do silêncio, que deveria ser respeitada entre as 22h e 8 da manhã.

Some-se a isso o barulho inevitável de carros e motos na madrugada, motoristas que abusam do som como se o próprio carro fosse uma boate, elevando ao máximo o volume sofrível do sertanejo ou do pagode para que TODOS ouçam.

Definitivamente, a humanidade não sabe respeitar a própria espécie. A maioria não se contenta em preencher apenas seu espaço, invade o dos outros e se cobre de "razão" quando alguém reclama de cadeiras sendo arrastadas, pisadas fortes, correria, pulos, bolinhas rolando pelo chão, boladas na parede, som alto, risadas, descargas a cada meia hora, ruídos secos como se batessem pregos, móveis rangendo todos os dias da semana. Tudo isso fora de hora, sempre madrugada adentro, quando os "de baixo" precisam dormir para acordar cedo, enquanto os "de cima" parecem não ter horário para nada.

Aí alguém pergunta: não seria exagero exigir silêncio no ambiente urbano? Não, o que falta é educação para o ambiente urbano e, sobretudo, para quem mora em edifícios, onde os sons, principalmente à noite, ecoam mais fortes devido ao relativo silêncio do lado de fora.

É óbvio que ninguém almeja o silêncio ou a "paz" dos cemitérios, estamos vivos, alguns ruídos são inevitáveis em apartamentos onde vivemos uns empilhados sobre os outros, deve haver compreensão para o fato de que nunca seremos inaudíveis. Nos acostumamos ao ronco do chuveiro ligado na madrugada, já o ronco do vizinho seria um abuso que ninguém é obrigado a ouvir, mas esse dificilmente vaza paredes.

Para ecoar entre paredes de prédios antigos, mais grossas que a dos edifícios contemporâneos, é preciso fazer muito barulho, não seria uma pisada comum motivo de reclamação, isso se compreende. Mas caminhar de salto ou com os pés pesados como os de um exército - tum, tum, tum - já é demais. Como é demais arrastar móveis de madrugada ou deixar o gato brincando com aquela bolinha às 4 da madrugada, como se jogasse futebol num estádio.

Certas pessoas não perderam apenas o respeito pelos outros, perderam o bom senso, a acuidade de perceberem sozinhas quando fazem muito ou pouco barulho. Sentem-se as únicas num prédio, na cidade ou no planeta. Para elas, o outro simplesmente não existe, como não existe o espaço do outro, os ouvidos do outro ou o sono alheio.

Elas ocupam não apenas seu próprio espaço, extrapolam o da vizinhança, olhando apenas seu próprio umbigo onde toca um funk dia e noite. O nome disso é falta de respeito e de noção básica de convivência.

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A opinião da colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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