Em 2023, Nina Simone completaria 90 anos. A compositora e cantora que nasceu em 21 de fevereiro de1933, teve uma vida marcada pelo sucesso e por uma trajetória pessoal conturbada. Conhecida por seu trabalho que vai do clássico ao jazz, do blues ao gospel, do folk ao pop, não há como não se envolver com sua voz potente e pela segurança que transparece sua condição de grande pianista que foi rejeitada pelos conservatórios - em função do racismo sempre presente nos EUA - mas que chegou ao sucesso, alcançando muitas vezes o top 10 com hits inesquecíveis. Conhecer Nina Simone é obrigatório para quem tem um mínimo de interesse pela história da música contemporânea. Não dá para passar batido pelo seu nome dentro do panorama musical dos séculos 20 e 21.

Tão plurais quanto os gêneros musicais aos quais ela se dedicou, foram seus embates na vida pessoal, com maridos ciumentos, ou como ativista dos direitos civis.

No seu primeiro concerto como pianista, numa igreja metodista norte-americana, seus pais foram chamados a ir para o fundo da plateia para dar os lugares da frente para os brancos. Nina se recusou a iniciar o concerto, caso seus pais não pudessem ocupar de novo os primeiros assentos. Ela tinha então 12 anos e nasceu ali, como ativista das causas raciais, seu impulso pelas lutas contra a segregação dos corpos negros.

Ela cantou no enterro do líder Martin Luther King num tempo em que isso era desafiador numa sociedade mais que segregacionista. O talento musical e a consciência social de Nina sempre foram maiores que o medo. Ela chegou a integrar passeatas e movimentos que pregavam a revolução armada contra a discriminação, ao contrário do que pregava o próprio Luther King, um pacifista que acabou assassinado pelas forças da extrema -direita americana, sempre alinhadas a tudo o que impede a igualdade de direitos.

Nina foi diagnosticata tardiamente como bipolar, uma condição psiquiátrica ainda desconhecida quando ela começou a apresentar crises de agressividade e de pânico, alternadas com períodos depressivos ou melancólicos.

Ela morreu em 2003, após lutar contra um cancêr de mama, na cidade de Aix-en-Provence, no sul da França. Teve uma única filha, Lisa Simone, que chegou a trabalhar na aeronáutica, contrariando a mãe, antes de se tornar também cantora.

No momento, as plataformas digitais estão exibindo o documentário "90 anos de Nina Simone", que pode ser assitisido no Curta!On ao longo de todo o mês para assinantes da ClaroTV+. Estava também disponível, por sete dias, desde o lançamento em 3 de fevereiro, para novos assinantes cadastrados no CurtaOn.com.br

A cantora também está sendo homenageada em programas como o da rádio da UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

O nome de registro de Nina Simone era Eunice Kathleen Waymon, que ela mudou em sua vida artística, em homenagem a um apelido dado por um namorado mexicano (Niña) e também para celebrar a cantora francesa Simone Signoret.

Melhor que falar de Nina, é ouvir Nina. Opções não faltam para nos envolver com sua voz forte e o piano personalíssimo que podem fazer de nossos dias um mergulho no que há de melhor na música do século 20, com reverberações por um tempo infinito.

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