Mundo novo: quando o leitor encontra o livro
As impressões de dois autores sobre o livro A Cidade na Retina o completam, porque não há livro sem leitura
PUBLICAÇÃO
sábado, 14 de dezembro de 2024
As impressões de dois autores sobre o livro A Cidade na Retina o completam, porque não há livro sem leitura
Celia Musilli

O autor é aquele sujeito que expressa sua leitura de mundo de um jeito peculiar, moldado pela sua história e sua cultura, seu país e sua cidade, seus lares e seus bares.
Quando espalhamos ideias num espaço em branco, damos um salto no escuro e começa a viagem, entre linhas e letras, pontos e vírgulas. E o autor não é mais o dono de sua obra, que se espalha para a recepção de outras pessoas que a completam, porque não há livro sem leitura.
Na semana passada, depois de lançar o livro A Cidade na Retina em novembro, recebi as opiniões de outros escritores: o médico Marco Antonio Fabiani, autor de Trilhas do Fogo (2004), Histórias de um Norte Tão Velho (2009) e Um Bourbon Para Faulkner (2018), entre outros livros, e Edson Holtz, historiador, professor e autor de Noites Ilícitas: Histórias e Memórias da Prostituição (2005) e Decifra-me ou Te Devoro: Museu Histórico como Teatro da Memória (2023).
Seguem as impressões de cada um.
"Acabo de ler a coletânea de crônicas A Cidade na Retina de Célia Musilli. Ficou uma deliciosa sensação de encantamento.
Como para Manoel de Barros, tudo serve para a poesia, para Célia, todas as desimportâncias da vida servem para as crônicas. Conduzidos por seu olhar delicado vamos encontrando uma Londrina quase invisível. A jovenzinha que pacientemente conduz a avó nonagenária através das perigosas e acidentadas calçadas; os urubus sobre o prédio dos correios; as portarias de prédios antigos; a arquitetura da cidade escondida sob camadas de tempo; o bosque; os festivais.
Em cada linha há uma declaração de amor à cidade e aos seus habitantes. Imersas nesse texto suave, as linhas que separam crônica e poesia se apagam. Tudo serve à poesia, inclusive as crônicas. A Célia cria uma atmosfera evocativa, encontra um passado que dá profundidade ao presente, como se olhar para trás, o que já foi, nos oferecesse a energia para olharmos com mais ternura o que teremos à frente. Há uma certa tristeza em saber que tudo passa e surge uma inevitável dorzinha ao descobrirmos isso.
Mas uma dorzinha que gostamos de sentir." (Marco Antonio Fabiani)
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"Terminei a leitura do livro A Cidade na Retina. Suas deliciosas crônicas nos revelam Londrina em fragmentos, repletos de humanidade e poesia. Sua escrita tem o poder de nos fazer sentir os aromas da cidade. O título A Cidade na Retina me faz lembrar o quanto meu olhar para com a cidade mudou, depois que passei a frequentar o Foto Clube de Londrina. Só que diferente de sua artesania textual, procuro registrar a cidade com imagens. As palavras e as imagens, selecionadas por nossas retinas, ganham vida quando compartilhadas.
Suas crônicas constroem imagens de uma Londrina que muitos não conseguem ver, sentir, experienciar. A velocidade do cotidiano as impedem de se emocionar com esses pequenos, mas poéticos, fragmentos do nosso cotidiano. Parabéns pelas crônicas deliciosas, doces como uma boa sobremesa ao lado de amigos queridos.
Amei o livro. Sua sensibilidade na escrita é muito especial." (Edson Holtz)

