Lição de vida: um erro no trabalho a gente corrige com...trabalho
No dia 25, publicamos no site a notícia da morte de Ferdinando Milanez, na transposição para o impresso houve um erro que também é uma lição
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
No dia 25, publicamos no site a notícia da morte de Ferdinando Milanez, na transposição para o impresso houve um erro que também é uma lição
Celia Musilli - Editora
No último domingo (25), recebemos a notícia da morte do senhor Ferdinando Milanez. Quem quer que tenha trabalhado com ele sabe que em todos os momentos, dentro da Folha de Londrina, ele transmitia uma sensação incomum no meio jornalístico: a serenidade.
Consternada e revirando as lembranças que tenho dele, escrevi a notícia de sua morte para o site da FOLHA no dia 25, com todas as informações corretas. Havia também as declarações de seu filho, Rodrigo Milanez, que ouvi ainda no impacto da morte do pai, mas transmitindo, apesar da emoção, o que eu já havia observado como um traço em comum: a serenidade, mesmo em momentos de crise.
Após o Natal, na edição de terça-feira (27), fizemos a transposição da notícia para o jornal impresso, e aconteceu um erro na hora de grafar o sobrenome de Ferdinando Milanez, um erro desses que os leitores nunca vão compreender como acontece e que só jornalistas, que conhecem a pressão e a rapidez com que fazemos tudo, sabem avaliar.
É ali, no computador que devemos utilizar na mesma velocidade das notícias, que palavras são trocadas, números às vezes não correspondem à soma que fizemos antes, atos falhos nos rondam em associações improváveis numa situação de verdadeira serenidade, aquela que seu Ferdinando nos ensinava quando sorria, em meio ao turbilhão do jornal. Hoje, um erro no site é fácil de corrigir, graças à tecnologia. Já um erro no impresso fica ali, como no tempo em que só existiam impressoras bufando, nos primeiros anos do jornal. Então, um erro no impresso só se corrige com outro texto.
Penso que alguns erros não acontecem só por distração ou pressão, vou além. Acontecem para que a gente dê a uma notícia a dimensão que ela merece e crie para ela uma extensão. Reconhecendo erros, inclusive.

Neste texto, lembro-me com mais clareza da presença de seu Ferdinando, que enchia nosso cotidiano com uma alegria ímpar. Penso que sua força de trabalho se expressava no tamanho de seu sorriso quando passava pelos jornalistas comunicando, silenciosamente, que um outro coração da empresa batia além da redação: era no departamento comercial que pulsava a veia que também fez da FOLHA um veículo forte. E foi seu Ferdinando quem fez bater esse outro coração, em décadas de trabalho.
Penso na confiança que ele passava aos clientes, amigos e também aos jornalistas quando dizia: "Leiam o (jornal) mais completo, o mais completo", como lembrou seu filho Rodrigo na entrevista que fizemos.
Fiquei imaginando como ele reagiria a um erro. Concluí que não bastaria a errata de praxe, que também fizemos. Mas seu nome e, acima de tudo, sua presença na FOLHA, sempre serão maiores que isso. Refletindo, reajo como penso que ele reagiria com sua equipe: um erro no trabalho se corrige com....mais trabalho.
Essa é a lição que fica. Além da certeza que sempre deve estar acima da vaidade: não somos infalíveis, nem no trabalho nem na vida, por isso, exercitamos também o perdão. Lição Daquele que nasceu no mesmo dia em que seu Ferdinando partiu. Nada acontece por acaso.
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