A intolerância religiosa é tema eterno, mas há fases, como na atualidade, em que o tema emerge porque se veem práticas que não têm nada a ver com a fé em Deus, mas com as "verdades" dos homens. A invasão de templos católicos, com a quebra de imagens, esteve no noticiário aqui mesmo em Londrina, em 2018, quando um homem, possivelmente desequilibrado, quebrou a imagem do padroeiro da cidade, na Catedral Metropolitana.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu, atos cheios de violência contra a fé "dos outros" se sucedem pelo País afora, há pessoas que invadem e perseguem centros de umbanda e de candomblé.

Lendo livros sobre a história do norte do Paraná deparei-me, há pouco tempo, com a informação de que o espiritismo - o Kardecista - chegou a ser proibido por aqui e os seus praticantes eram obrigados a seguir sua religião escondidos. Fiquei pensando em quem seriam os donos da verdade, ou quem sabe "os donos de Deus", que propuseram esse tipo de censura.

Alguns temas e expressões dominam completamente a cultura e a mídia. Assim, muitos se esquecem do básico: avaliar a cabeça dos que protagonizam shows de intolerância e se lembrar que eles têm patrocínio de algumas igrejas, inclusive, nos meios de comunicação onde, todos os dias, batem nas cabeças do fiéis como se fossem latas, fazendo milagres e vendendo Carnês do Céu. Acreditem, vi isso num programa de TV, protagonizado por um pastor "chapeludo".

O resultado disso é que um dia, de tanto bater na cabeça de lata, ela fura, e derrama o conteúdo da intolerância ou da falta de discernimento. Não fosse assim, quem poderia acreditar que um Carnê do Céu pode garantir a alguém um lugar no paraíso?

Mas, como disse, o fenômeno de disseminação do fanatismo e da intolerância não é novo, não se trata, apenas, de um produto da atualidade.

Religião em excesso sempre serviu aos sabotadores de miolos, mais preocupados com quanto tem nos seus cofres santos. Faz muito tempo que o fanatismo religioso virou negócio. A TV transformou-se em escola de pregadores e tem gente que estranha quem copia mal os "arautos da verdade" e sai espancando a representação do Cristo porque a sua representação é outra.

Mas não se enganem, enquanto trancafiam ou internam o doido que quebrou uma imagem representativa de outra religião - seja Jesus Cristo ou Ogum - a indústria de profetas continua a todo vapor.

Estou para ver o dia em que os estelionatários de fato serão presos, não seus seguidores, que são uma parte da população que quer a Salvação e é aconselhada medi-la por bens materiais e atos de fanatismo.

Tem gente que acha que se deu bem na vida por conta dos ensinamentos de uma igreja que prega o enriquecimento, como consequência da fé, e finge que Jesus é o "proprietário" de tudo. Há fachadas de lojas e veículos com esse tipo de adesivo vergonhoso. A fé virou fachada do materialismo, não me espanta que isso entorte a cabeça das pessoas. Esse é o verdadeiro escândalo.

Vão com Deus!

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A opinião da colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.

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