Quando Gal Costa morreu, em novembro de 2022, amigos da cantora vieram a público denunciando vários episódios que envolvem sua viúva Wilma Petrillo, que era também empresária da cantora.

Paulinho Lima, que foi empresário e amigo de Gal, foi um dos primeiros a lembrar que ela queria ser enterrada no jazigo da família, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro - onde está o corpo de sua mãe - mas numa mudança inesperada de rota, Petrillo a sepultou em São Paulo, depois da realização do velório na Assembleia Legislativa. Os amigos e fãs colocaram no radar o que consideraram um grande desrespeito à vontade da própria de Gal, mas isso seria apenas a ponta de um iceberg de escândalos envolvendo Petrillo sobre quem, hoje, pesam várias desconfianças.

Petrillo cercou a vida de Gal de mistérios que culminam no fato da causa da morte da cantora nunca ter sido revelada. Sabe-se que ela havia um operado um nódulo no nariz, mas não foi divulgado o motivo e nem se a morte seria decorrência da cirurgia. A viúva joga um véu que encobre fatos essenciais sobre a vida e carreira da cantora, o que tem levantado cada vez mais suspeitas e denúncias. Exemplo disso foi a matéria da revista Piauí, assinada por Thallys Braga, no último fim de semana, dando conta de fatos cabeludos protagonizados por Petrillo.

As denúncias vão desde de dinheiro emprestado e não devolvido pela viúva, usando o nome de Gal, até shows cancelados sem nenhum respeito a grandes produtores que passaram a amargar prejuízos sempre que contratavam a cantora, através de Petrillo, e depois tinham os eventos cancelados sem nenhum respeito aos contratos.

Com isso, Gal também acumulou dívidas não no só Brasil, mas também no exterior, como denunciou seu próprio irmão, Guto Burgos, afirmando que ela precisou vender imóveis - desde de salas comercias até casas que havia comprado - para saldar os débitos.

Certa vez, Wilma Petrillo teria dito a Gal que "ninguém mais estava interessado em seus show porque ela estava velha." A frase, no entendimento geral, soa como uma gravíssima ofensa , mais que isso, denota uma relação abusiva que, aos poucos, vem sendo apurada. Tendo em vista as denúncias, a jornalista Hildegard Angel, amiga de longa data de Gal Costa, pediu publicamente, no último dia 8, a exumação do corpo da cantora para apurar a causa de sua morte.

Denotando um perfil autoritário, Petrillo não quis dar respostas nos meses que se seguiram à morte de Gal, mas as coisas tomaram um rumo que deixa claro que ela não poderá se livrar das críticas apenas com respostas evasivas. Hoje, parece óbvio que as denúncias não podem mais ser relevadas ou ignoradas. O caso ainda deverá render muitos capítulos que entristecem e revoltam fãs e parentes de Gal Costa.

A pergunta que fica é como uma artista com a potência e dimensão de Gal pode se envolver com uma pessoa tão mesquinha e dissimulada quanto parece ser sua viúva? Isso também é um mistério que incomoda consciências a cada vez que pensamos nas vítimas de relacionamentos abusivos que sofrem todo tipo de agressão sem reagir.

A própria Gal parece que preferia esconder o mau caratismo da companheira encolhendo-se, talvez, pelo medo do escândalo. Esse medo é o que faz muitas vítimas se calarem, mesmo passando por repetidas situações de desrespeito. A doce Gal talvez tenha se encolhido por falta de autoestima, o que não se justifica tendo em vista sua grandeza. Mas nem sempre as pessoas têm a consciência de seu real valor. Fica a dica!

* A opinião da colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.