Os fãs das histórias que têm como eixo principal a magia dos mundos perdidos, tão distantes dos dias de hoje, estão entusiasmados com A Roda do Tempo, uma das séries mais bem sucedidas do Prime Vídeo que estreou recentemente sua segunda temporada, com bons indicativos de que haverá uma terceira.

O mundo matriarcal de personagens fortes e essenciais à trama levam os espectadores àquele frisson exalado por mulheres poderosas, herdeiras de uma tradição que foi substituída pouco a pouco por um mundo de homens, mas que ainda respira, com cada vez mais força, puxada por movimentos que põem a mulher num lugar de destaque.

Tudo bem que há enorme diferença entre as guerreiras mítcas e as guerreiras de hoje, mas sendo mulher adoro ver a inteligência, a astúcia e a força feminina dando rumo a um enredo interessante que ganha mais expressão com uma produção caprichada, dessas pra ninguém botar defeito. É verdade que a série tem um tom juvenil, na linha de Game of Thrones, mas quem disse que a gente não precisa de uma bose de fantasia quando chega em casa, depois de um dia duro de trabalho, e se deita no sofá para pegar carona num voo de imaginação proporcionado pela telinha?

É isso que tenho feito quando entro numa consentida pausa para a diversão, depois de ter contato o dia todo com as notícias pesadas de um mundo cada vez mais sofrido com os bombardeios de guerras reais que tiram esperança de sobrevivência digna para as gerações futuras.

A Roda do Tempo não deixa de ser violenta ao mostrar os ataques de entidades mágicas a seres humanos desprovidos de força suficiente para vencê-las, mas por se tratar de fantasia chega a ser divertido ver os monstros da série, caprichosamente produzidos para criar o pânico cinematográfico que nos tira da realidade verdadeiramente hostil das nações em guerra.

O Tenebroso, entidade-mor do mal na série, é personificado por um rosto em chamas, ligando sua aparência à quentura do inferno ou, quem sabe, às bombas que caem nas cidades de verdade, mostrando que o mundo contemporâneo cultiva o Mal, uma constatação para a qual não é preciso nenhum exercício de imaginação.´

A Roda do Tempo se passa num mundo onde a magia´pode ser usada exclusivamente por mulheres, os homens que tentam usá-la (canalizando sua energia) estão fadados à loucura, o que também pode representar as agruras de nosso tempo.

Na série tudo é superlativo, a começar por sua própria origem: os 15 livros (isso mesmo) escritos pelo norte-americano Robert Jordan, tratam-se de páginas de aventuras e muita imaginação. Protagonizada pela atriz Rosamund Pike, que interpreta a maga Moiraine Damodred, dentre outras personagens femininas importantes, a história se refere a um Criador onipotente que "inventou" a Roda para aprisionar seu oposto destrutivo, Shai’tan.

A Roda do Tempo gira por sete eras e é reiniciada, dando origem a uma história tão longa quanto a engendrada por Robert Jordan que ganhou o streaming a partir das 11 mil páginas escritas para os livros - por um autor que parece nunca perder o fôlego - e se tornou uma das grandes produções do streaming a partir da estreia em 2021.

Que venha a terceira temporada e quantas mais forem necessárias para uma adaptação tão grandiosa.