2021 já bate à nossa porta, de preferência com uma vacina na mão. Os tradicionais votos de um feliz ano novo desta vez vêm com um reforço para muita saúde, o bem urgente que desejamos uns aos outros.

2020 foi um ano difícil para o planeta, vimos uma pandemia que não poupa países e continentes, terminamos o ano ainda aturdidos pelas notícias que nos lançaram no terreno, até há pouco tempo, só imaginado no território da ficção. As obras de arte e a literatura têm um objetivo estético, não de previsão. Mas não é que nos vimos mergulhados em enredos de filmes e livros?

Exemplos não faltam: o filme "Contágio", de Steven Soderbherg; o alerta "fique em casa!" do segundo filme da nova série do Planeta dos Macacos (2014); a série “Explicando”, da Netflix (2019); o 37º volume das aventuras de Asterix (Asterix e a Transitálica), criado por Jean- Yves ferri e Didier Conrad; os livros "A Dança da Morte" de Stephen King e “A Realidade de Madhu” (2014), da brasileira Melissa Tobias, que falam de uma misteriosa doença, altamente contagiosa, com a qual demos de cara em 2020.

As obras de arte não têm por finalidade a previsão, por mais que instiguem nossas crenças nas profecias, mas antecipam situações que não são difíceis de imaginar, tendo como ponto de partida o estrago que fazemos no planeta como a espécie mais predadora dos recursos naturais.

Não é difícil antever um mundo sem oxigênio suficiente no futuro se matamos árvores; não está tão distante o dia em que não teremos mais água potável em alguns locais, com a gritante poluição de rios e mares matando outras espécies e suas trocas vitais; não está longe o dia em que a Terra poderá ter maiores áreas de desertos, sangrada pelos garimpos e a falta de vegetação.

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. | Foto: Marco Jacobsen

O que surpreende em 2020, além da tragédia, é o negacionismo do fator ambiental na preservação da vida. Os homens seguem cegos no plantio da catástrofe e ainda duvidam da colheita, fazendo coro com lideranças limitadas à sua própria arrogância e ignorância. E o preconceito ainda corre solto por aí: as vacinas que tomamos habitualmente contra as gripes já são feitas, em muitos casos, com insumos que vêm da China, assim como muitos remédios tomados por nossos filhos, pais e avós. Mas espalhar o pânico contra a CoronaVc tem sido um exercício constante de comadres e compadres, compartilhando bobagens vindas diretamente das fábricas de fake news.

Vamos abrir as portas para 2021 e também nos abrirmos um pouco mais para um mundo sem preconceitos. Que venham a vacina e a saúde. Que possamos ser tão felizes quanto a família Jetsons, desenho animado que vimos nos anos 1960, antecipando futurismos que nos fazem bem ao corpo e ao espírito. Já estamos num mundo no qual chamadas por vídeo e informação por toda parte existem para nos conscientizar melhor das descobertas da ciência, conhecimento capaz de nos levar com saúde a um admirável mundo novo, sem que sintamos vergonha do atraso.

Feliz Ano Novo!