Tem muito de ópera nessa intensa movimentação universal de 'Vingadores: Endgame' na batalha final com arquivilões
Tem muito de ópera nessa intensa movimentação universal de 'Vingadores: Endgame' na batalha final com arquivilões | Foto: Reprodução

Os irmãos Russo (Anthony e Joe) novamente mostram que nadam muito à vontade em águas do Universo Marvel: seus quatro filmes – um duplo Capitão América e um duplo Vingadores – são os melhores nascidos no subgênero de super-heróis. Neste “Endgame” eles mostram uma vez mais o generoso e inteligente repertório de truques de que dispõem, aproveitando ao máximo as três horas que dura a epopeia do 'dream team.'

Aqui se alcança o ápice de um opus glorioso. “Endgame” é o último ato, o derradeiro “crescendo” do gênero lírico em que se transformou a batalha contra o mais formidável do arquivilões, esse ícone shakespeariano-freudiano-apocalíptico Thanos – com o perdão da infinita sabedoria dos fãs de Cap, Hulk, Thor, Ant-Man, Iron Man, Guardiões, Strange e demais membros da confraria, dessa irmandade coral.

Tem muito de ópera, nessa intensa movimentação universal que envolve momentos doces, violência, humor, heroísmo, drama, sacrifício, tragédia, tristeza, amargura, luto. Não custa oferecer o resumo desta ópera: a épica está mantida, a diversão idem, e para o bem de todos, os diretores renunciaram à solenidade. Bem mais de meio caminho andado.

A tentação do 'spoiler' é grande quando se escreve. É difícil não recorrer a alguns elementos que argumentistas e roteiristas incluíram na narrativa para dotar de peso e coerência o epílogo da saga dos Avengers (Vingadores). Mas a esta altura, decorrida uma abarrotadíssima primeira semana mundial de espectadores, creio que não restou quase nada a ser escondido: todos já sabem de tudo, quem viu e quem não viu o filme mas com certeza vai ver.

O mecanismo idealizado para ajeitar as coisas – viajar no tempo – não é propriamente ponto alto de originalidade. Mas se faz muito bom uso dele, seja citando outros títulos (recurso humorístico de primeira linha), seja especulando sobre viagens paralelas. E tudo colocado sem que pareçam absurdos forçados. O espírito vulgarizado de Einsteisn paira sobre a plateia, mais ou menos de mãos dadas com os ilimitados voos da imaginação de H.G.Wells.

A partir de viagens ao passado se desenvolvem várias subtramas que dão asas aos personagens, aos laços que os unem. Nesta despedida (?), os personagens, ao contrario de “Infinity War”, estão mais carnais, mais humanizados, menos transeuntes, menos efígies. O que os torna bem mais simpáticos.

Mas vem mais por aí. E isto não é 'spoiler'. Alguém duvida?