A não ser que os fatos passem a mentir, o que vimos foi a Rússia cercando a Ucrânia durante semanas, como a prenunciar rendição ucraniana, mas o que se viu desde então é de fato a progressiva derrota militar russa. Até porque grandes exércitos nunca foram prenúncio de vitória, basta lembrar aqueles 300 mil persas contra aqueles 300 espartanos.



Napoleão invadiu a Rússia com quase meio milhão de homens e saiu de lá com apenas 60 mil, e, mesmo sabendo disso, Hitler também invadiu a Rússia com milhões de soldados que se retiraram igualmente derrotados. E os Estados Unidos chegaram a ter mais de meio milhão de homens superequipados no Vietnã, derrotados porém por guerrilheiros de sandálias e fuzil.


E a tática ucraniana também é de guerrilha. Não posicionaram defesas, deixaram-se invadir para, mais que se defender, contra atacar a seu modo. Como os russos invadiram antes do derretimento das neves do inverno, impedidos de trafegar pelos campos os tanques ficaram nas estradas, como alvos fáceis para coquetéis molotov, uma invenção russa... Assim a invasão fulminante frustrou-se, inclusive a marcha contra a capital Kiev, e desde, então, vemos a Rússia a emitir mentiras sempre desmentidas pelos fatos, tentando iludir o maior dos fatos dessa guerra: que os ucranianos têm muito o que mais falta aos russos, motivo e vontade de lutar.


A megalomania de Putin parece possível graças a uma constante de grande parte do povo russo, o culto da autoridade. Na literatura russa abundam personagens do povo e da elite reverenciando o czar da ditadura anterior ao comunismo, como depois seria endeusado o ditador comunista Stalin, e Putin também contava com alta popularidade quando começou a guerra.


Talvez, o tamanho do país, o maior do mundo e quase três vezes maior que o Brasil, instigue grande parte do povo a apoiar o imperialismo que, depois do fim da URSS com seus quinze países satélites, Putin quer porque quer restaurar. Mas o fato é que sua derrota militar vai se desenhando dia a dia sem alternativa, pois o uso de armas nucleares só seria factível depois de retirada russa dos territórios ocupados, ou estaria vitimando as próprias tropas e a população ucraniana de origem russa que alega defender.



A alternativa nuclear para arrasar Kiev poderia ser respondida, pela Otan e Estados Unidos, com igual aniquilação de Moscou por exemplo. Esse impasse torna factível a deposição de Putin, por golpe militar com apoio popular, tomara que para se livrar da cultura ditatorial e consolidar de fato uma democracia.



Já o presidente brasileiro Luiz Inácio tenta se projetar como estadista internacional, propondo coalizão de países para negociar a paz, como se isso fosse de fato possível sem retirada russa da Ucrânia. Fala-se que a meta do brasileiro no xadrez político internacional é, de fato, o Prêmio Nobel da Paz - quem sabe, disputando com um baixinho gigante, o presidente Zelenski da Ucrânia. Enquanto isso, é fato incontestável que, para as indústrias de armas, está sendo uma ótima guerra.