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Você diz que o poder sempre será podre, prezado jovem, e que política é a arte de roubar até corações. Mas que seria de nós sem as lideranças e governanças que nos trouxeram até aqui.

Nas cavernas, o comando era decerto de quem sabia caçar e trazer carne e couros para todos. Mas, se uma tribo vizinha ameaçava, o poder era de comandasse a luta conta os invasores.

Se porém – vamos saltar adiante – como no Antigo Egito, o grande temor era pela vida pós-morte, o poder era dos sacerdotes a quem até o faraó se submetia.

Cidades nasceram dos povoados e formaram sociedades, sempre com o poder repartido entre os chefes provedores, os comandantes guerreiros e os representantes de Deus, com mais ou menos poder para uns e outros conforme os desafios correntes.

Só na Grécia o poder começou a se democratizar, embora só os chefes de clãs tivessem poder de voto e a escravidão fosse normal.

Depois cresceram os impérios, e só a derrocada do maior de todos, o Romano, levou séculos.

Então, no segundo século depois de Cristo, os campos se esvaziam e as cidades passam fome, daí os latifúndios surgem produzindo mais comida com os antigos lavradores agora servos.

Enquanto Roma esboroou, a Igreja se ergueu das ruínas e parece haver alguma ordem, até que invasões bárbaras bagunçam tudo, obrigando duques e condes a se unirem para defender seus feudos. E até aí, 10 mil anos depois de inventada a agricultura, eleições não existiam e mulher nada apitava.

Mas o feudalismo também acabou, não sem antes promover as Cruzadas abençoadas pela Igreja, e surgem as grandes catedrais e universidades, com o poder das letras servindo a poucos, em impérios hoje impensáveis como o Português e o Espanhol.

Daí surge a burguesia, produzindo ou comerciando mais e melhor, o poder centralizado cedendo às iniciativas empreendedoras. O mosaico de muitos feudos se transforma nos modernos países europeus, já com as indústrias transformando as colheitas. E há dois séculos a Revolução Francesa criou a nação moderna - mas eleições continuaram sendo só para os homens ricos, e os poderes públicos eram muito mais poderosos que públicos.

Enquanto isso, o capitalismo se desenvolvendo pariu o proletariado e criou novos impérios como o britânico, tão civilizado que nem cortava os braços dos revoltosos como faziam os belgas na África.

Mas, há coisa de século, as mulheres conquistam o direito de votar! E depois se digladiaram, no século 20, o capitalismo selvagem e o tirano comunismo, com revoluções e ditaduras sufocando e liberando o hoje chamado Estado Democrático de Direito – que, no século 21, consegue uma aparente supremacia, entretanto instável entre direita e esquerda – mas também com conquistas como educação e saúde públicas, direitos humanos, transparência governamental e responsabilidade social.

E agora, a esta altura da caminhada, você, tão jovem ainda, diz não crer em democracia sem porém atinar com alternativa. É como jogar uma criança pela janela porque está fazendo birra! Ou querer destruir essa construção, onde tantos colocaram seus tijolos, porque você não sabe como encaixar seu tijolinho. Ora, mereça essa herança, cara!