As quatro estrelas da Bandeira de Londrina podem simbolizar a boa sorte de nossa cidade.

A primeira estrela pode lembrar que Londrina começou há mais de cem milhões de anos, quando a África e a América foram se separando, e um mesmo e imenso derrame de lava lá virou terra semi-árida e aqui, graças às chuvas regulares, virou nossa terra-vermelha.

Depois essa boa sorte geográfica continuou quando a Serra do Mar se levantou, fazendo os rios correrem para oeste, como o Paranapanema e o Tibagi, este primeiro correndo do sul pro norte como a procurar Londrina, e por isso hoje temos nas nossas torneiras água do Tibagi. E Londrina também teve sorte de estar quase na linha do Trópico do Capricórnio, portanto em região intertropical propícia para variada agricultura.

A segunda estrela pode representar o café, pois Londrina teve a sorte de ser o centro da última região cafeeira do Brasil, depois do café começar lá no Pará e descer por tantos Estados, ensinando a muita gente a cafeicultura, desde a enxada e a peneira, passando por tulhas e armazéns, caminhões e indústrias, portos e navios, tudo já então engrenado para Londrina aproveitar e se tornar a Capital do Café.

A terceira estrela pode lembrar que Londrina teve ainda a sorte de começar como empreendimento e com pioneiros empreendedores. Sua colonização foi planejada por empresa, a Companhia de Terras, com minifúndios a bom preço e bom prazo, todos com frente para estrada e fundo para riacho, propiciando uma transformação agrária. E a futura cidade também teve a sorte do primeiro pouso da primeira caravana ser na tripla mina Três Bocas, a partir de onde se espraiou por colinas suaves uma cidade quase sem ladeiras.

A colonização democratizada gerou mais sorte, pois atraiu pioneiros também empreendedores, sitiantes ou ex-colonos de fazendas de café, além de autônomos de todo tipo, gerando o maior patrimônio de Londrina, que é a diversidade de sua gente, a partir dos imigrantes de 30 países e os migrantes de todo o país que cruzaram a pioneira balsa do Tibagi. Era gente tão empreendedora que até as primeiras freiras empreenderam um colégio e um hospital, o Colégio Mãe de Deus e a Santa Casa.

Com a cafeicultura Londrina deu tanta sorte que se tornou conhecida no mundo como Capital do Café, liderando uma rede de glebas a produzir para a União e o Estado tantos impostos como nunca antes.

Quando aquela cafeicultura foi ficando inviável, Londrina teve mais uma sorte, sua quarta estrela, a geada negra de 1975, isto mesmo, pois ela acabou com os cafezais, liberando as terras para a revolução verde da nova agricultura que tornaria Londrina um polo agro-industrial.

Também devido ao êxodo gerado pela geada, Londrina teve ainda a sorte de receber os novos londrinenses do Cincão, os Cinco Conjuntos que se tornaram tantos. Suas casinhas brancas originais tornaram-se tão distintas que hoje não se encontra uma na forma inicial, evidenciando uma cultura de acreditar muito menos em sorte do que em trabalho e visão, inovação e transformação, que continuam fazendo a verdadeira boa sorte de Londrina.