“Por que, pela primeira vez, filhos tem QI inferior aos pais?” – pergunta já na capa o livro "A Fábrica de Cretinos Digitais", do neurocientista Michel Desmurget – que, conforme a BBC News Brasil, “apresenta com dados concretos, e de forma conclusiva, como os dispositivos digitais estão afetando seriamente, e para o mal, o desenvolvimento neural de crianças e jovens”.

Imagem ilustrativa da imagem Cuidado com a babá

O autor é diretor de pesquisa do Instituto de Saúde da França, e mostra como o uso intenso das tecs digitais “longe de ajudar no desenvolvimento de crianças e adolescentes, acarreta sérios malefícios, que vão da saúde do corpo ao desenvolvimento intelectual – em especial naquelas com idade entre zero e dois anos”.

Pode-se dizer ah, que bobagem, criança nessa idade não aprende nada, só baba e bate palminha. Mas a neurociência há muito demonstrou ser nessa idade que mais usamos o cérebro, passando então pelo maior período de seu crescimento que vai até 21 anos. Ao nascer, o cérebro da criança tem 25% do tamanho de quando adulto, mas com um ano de idade já terá 75%.

Afinal, no útero a criança só ouvia, principalmente o coração da mãe, e de repente tem mais sons, luzes, cores, gente, coisas mil para o tato, palavras, música, todo um mundo em redor, e quer captar e entender tudo. Conforme cresce, o cérebro mais quer sentir, observar, entender, comunicar, coordenar ações, alcançar objetivos. O “diabinho no corpo” que os nenês parecem ter, é o cérebro querendo ações para se desenvolver visando toda a vida.

Mas agora o nenê pouco precisa agir, pois tem na telinha imagens que se movem, falam, cantam, dançam e tudo mais, e seu cérebro se desenvolverá menos se atrelado nisso desde nenê. Ou seja, muito pior que as dores cervicais, as tendinites etcétera já na adolescência, será a atrofia mental desde a infância.

Não será exagero típico da hiperinformação digital? Não, o autor sustenta que a babá Telinha afeta não só a formação do cérebro como também todo o relacionamento socioemocional de crianças e adolescentes. E faz reveladoras perguntas, como: por que os grandes gurus do Vale do Silício proíbem seus filhos de usar telas? Sabia que nunca na história da humanidade houve um declínio tão acentuado nas habilidades cognitivas? E que apenas trinta minutos por dia na frente de uma tela são suficientes para que o desenvolvimento intelectual da criança comece a ser afetado?

Tudo isso, sem falar noutras decorrências como obesidade, problemas cardiovasculares, menos expectativa de vida, agressividade, depressão, comportamentos de risco, empobrecimento da linguagem, dificuldade de concentração e memorização. Ou conforme o jornal espanhol La Razón: “Se não quisermos uma geração de idiotas, vamos ler com atenção e desconectar nossos filhos a tempo” – o que não se confunda com isolá-los do mundo digital que hoje comanda o mercado de trabalho e o empreendedorismo. É difícil – mas quando foi fácil?

O livro, da Editora Autêntica, está disponível na telinha...