Como não temê-los e até mesmo se aproveitar dos problemas
Para resolver um problema é preciso primeiro não se assustar com ele e ver que todo problema tem partes
PUBLICAÇÃO
sábado, 25 de janeiro de 2025
Para resolver um problema é preciso primeiro não se assustar com ele e ver que todo problema tem partes
Domingos Pellegrini

A foto mostra uma das formas de resolver um problema, contornando. Às vezes enfrentar só aumenta o problema, às vezes é preciso enfrentar firmemente desde o primeiro momento, e outras vezes o problema é saber se é melhor enfrentar ou contornar cada problema que se apresenta. Ou, conforme Guimarães Rosa, viver é complicado, o que é tão óbvio como revelador.
Pois é claro que viver só pode ser complicado se somos a única espécie no planeta que tem cidades e civilização, ou seja, muita gente junta com muitos problemas e costumes, embora todos estejam se igualando em não conseguir viver sem estar continuamente atrelado ao celular.
Lá no colégio frequentei só duas semanas o Curso Científico, logo passando para o Clássico, mas lembro de um professor de Matemática a falar diante de um problema algébrico na lousa:
- Para resolver um problema é preciso primeiro não se assustar com ele. E ver que todo problema tem partes, portanto primeiro prestando atenção para entender bem cada parte, então vá resolvendo o problema como se fossem vários companheiros te ajudando a chegar à solução.
Mas sempre há o problema de que o ser humano é naturalmente problemático, já por ser uma espécie dominadora, presente e proliferando em todos os continentes. Ao mesmo tempo, a História mostra que a dominação é sempre temporária e a cooperação sempre vitoriosa, pois há poucos séculos os reis podiam fazer o que quisessem, inclusive matar, sem prestar contas a ninguém, e hoje os governos vão sendo vigiados on-line.
É assim olhando para o passado que podemos acreditar em nosso futuro. Não devemos ter resolvido tantos problemas, desde como manter o fogo aceso até como combater doenças com vacinas, não apenas por sobrevivência mas também por gostância, o gosto por resolver problemas, o desejo de desafios até para se sentir mais vivos ou mais importantes.
Então lembro meus heróis resolvedores de problemas.
Espártaco, líder de escravos a enfrentar o poderio de Roma, ensinando seu povo a lutar com as armas do inimigo.
Florence Nightingale, chefiando pioneira turma de enfermeiras e mandando, antes de tudo, lavar e limpar bem todo o hospital, assim revelando e combatendo o maior problema causador de mortes até então, a infecção hospitalar.
Henry Ford, a facilitar para seus próprios operários a venda dos primeiros carros feitos em série, assim resolvendo o problema da rejeição a aquela novidade num mundo ainda de cavalos e carroças.
O médico Alexander Fleming, descobrindo a penicilina e tendo de enfrentar o desinteresse e o descrédito dos médicos.
Santos Dumont, usando materiais leves como seda e bambu para resolver o problema de peso do 14-Bis.
Garrincha, a usar os defeitos das pernas para criar seus dribles tão desconcertantes para os zagueiros quanto fascinantes para o público.
Herbert Bartz, o agricultor de Rolândia que não se conformava com o problema da erosão e criou o plantio direto, que, além de proteger, melhora o solo.
Todos tiraram dos próprios problemas soluções duradouras, assim comecei o novo ano com esse espírito, pois estava sem assunto para crônica e eis que...

