A cana de açúcar está em crise no Nordeste brasileiro e muitos canavieiros da região estão de olho na possibilidade de trocar a cana pela soja, além de pecuaristas com pastagens de baixo rendimento. SEALBA é o acrônimo para Sergipe, Alagoas e Bahia, região que está despontando como nova área com potencial para produzir a oleaginosa. A região compreende 171 municípios, totalizando uma área de 5,15 milhões de hectares, sendo 68% localizados no bioma de Mata Atlântica e 32% de Caatinga. Testes de adaptação da soja conduzidos pela Embrapa na região indicaram produtividades superiores à média nacional, e com a vantagem de a produção localizar-se próxima a portos marítimos (particularmente o porto de Aracaju), o que facilita o escoamento da produção com custos reduzidos de frete, visto que a distância média dos centros de produção da região até o porto de Aracajú, é de 300 km, ante mais de 1.200 km para a soja produzida no oeste baiano até alcançar o mesmo porto ou aos cerca de 2.000 km que a soja produzida no Mato Grosso – principal estado produtor – percorre para alcançar o porto de Paranaguá-PR, principal porto de escoamento da soja brasileira.

Além de menor custo de exportação, a soja produzida na região de SEALBA tem demanda local significativa, seja para atender as bacias leiteiras de Sergipe, Alagoas e Pernambuco ou para suprir com matéria prima proteica a indústria de carne de frango da região, cujo abastecimento atual está sendo providenciado – a um custo maior – pela soja produzida no oeste baiano ou no sul do Maranhão.

Adicionalmente às vantagens supracitadas, considere-se os benefícios que a rotação da oleaginosa com os cultivos tradicionais da região poderá trazer na melhoria da qualidade do solo e no combate às pragas e doenças dessas lavouras.

O cultivo da soja em SEALBA é favorecido, também, pelo melhor preço de mercado dessa produção, realizada na entressafra das demais regiões produtoras do Brasil. Sua colheita (agosto/setembro), em boa medida coincide com o plantio na região central do país, o que poderá favorecer SEALBA como polo produtor de sementes para o Centro Oeste, visto que essa semente dispensaria o custo de longos períodos de armazenamento antes de sua utilização para semeadura. Em contrapartida, o plantio da soja em SEALBA poderia realizar-se com sementes colhidas em fevereiro/março no Centro Oeste, igualmente dispensando longos períodos de armazenagem previamente ao seu plantio.

A soja, além de ser a principal lavoura do Brasil, também se constitui no principal produto da pauta de exportações brasileiras. É a cultura preferida dos agricultores nacionais, representando mais de 50% da área cultivada com culturas anuais do País, razão pela qual, mais e mais áreas estão sendo incorporadas ao processo produtivo da oleaginosa. Quase todo o território brasileiro é apto para a produção de soja. Água é o fator limitante em algumas regiões e em certos períodos do ano.

A demanda global pelo grão de soja não para de crescer e os preços estão estimulantes para que mais áreas sejam incorporadas ao processo produtivo de soja, sem necessidade de novos desmatamentos; apenas explorando as áreas de pastagens degradadas disponíveis, ou substituindo cultivos de menor renda, como a cana de açúcar na região de SEALBA.