O sorgo é uma cultura muito antiga. É originária da África e sul da Ásia e somente no final do século passado começou a ocupar espaços agropecuários significativos pelo mundo. Em 1984, chegou a ocupar a quinta posição entre os cereais mais cultivados no mundo, perdendo apenas para trigo, arroz, milho e cevada. Sua versatilidade vem chamando a atenção da agroindústria brasileira, uma vez que pode ser utilizado para consumo humano e animal e por diversas formas nas agroindústrias.

O Brasil é gigante na produção de grãos, principalmente de soja e milho. Mas, recentemente, com a valorização e crescimento da demanda por mais milho pelo mundo, o sorgo surgiu como uma alternativa ao cultivo desse cereal. O sorgo produzido no Brasil é majoritariamente consumido na alimentação animal e a demanda pelo cereal é regida pela indústria de ração. Também, parte da produção brasileira é exportada. O valor nutritivo do sorgo na alimentação animal fica, em média, apenas 25% inferior ao do milho.

No Brasil, para o ciclo 2021/2022, a Conab previu produção 35,6% superior à safra passada, totalizando um volume de 2,8 milhões de toneladas (Mt). Este cereal vem tendo alta adesão de pecuaristas, sobretudo para suprir a alimentação animal nos meses mais secos. Os principais produtores mundiais são os Estados Unidos, seguidos pela Índia, Etiópia e China. No Brasil, os estados de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais respondem por mais de 80% da área plantada e por mais de 70% da produção nacional. Destaque para o estado de Goiás, que sozinho responde por cerca de 50% da produção nacional.

O Brasil é o oitavo maior produtor global e seu cultivo está ganhando força no país. De acordo com os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), na safra 2021/2022, a área de cultivo foi ampliada em 22,6% (para 1,1 milhões de hectares) e a produção, em 40,3%.

Confirmando as previsões da próxima temporada, a produção de sorgo no Brasil terá crescido 75% em 12 anos, saindo de 1,6 Mt na safra 2009/2010 para mais de 2,8 Mt no ciclo 2021/2022.

Segundo a Conab, o uso crescente do sorgo é na função de substituto do milho na ração animal. Seu plantio acontece, principalmente, quando o produtor não consegue inserir o cultivo do milho safrinha dentro da janela recomendada, que termina no final de março, e é recomendado colhê-lo até meado de julho, para não prejudicar o controle de ervas daninhas no cultivo da soja, que vem na sequência. O sorgo possui a vantagem de ser mais tolerante à escassez hídrica dos meses de maio a setembro.

Segundo a Conab, a cotação do grão de sorgo é cerca de 80% do preço ofertado pela saca de milho e a comercialização vem ocorrendo prioritariamente entre produtor e consumidor final (confinadores de bovinos e fábricas regionais de ração). Após o milho, é a cultura anual mais importante para a produção de silagem para vacas leiteiras durante o período seco do ano.

Sorgo, mais uma opção de cultivo para o agronegócio brasileiro.

Amélio Dall`AGnol, pesquisador da Embrapa Soja