O Brasil é o 4º produtor mundial de alimentos, atrás apenas da China, Estados Unidos e Índia; mas é 2º nas exportações, depois dos Estados Unidos. A soja, o milho, a carne, o açúcar e o café estão entre os principais produtos na pauta das exportações brasileiras, somando mais de 30% do total exportado pelo país.

No entanto, mesmo sendo o Brasil um grande produtor de alimentos, nele ainda são encontrados milhares de conterrâneos passando fome. Muitos desses famintos são pequenos produtores que vivem no campo, junto da produção. Muitas vezes não consomem o alimento que eles próprios produzem, porque precisam vendê-lo para conseguir algum dinheiro para atender outras necessidades mais urgentes – roupas e medicamentos, entre outras.

Não é racional passar fome no Brasil, um país capaz de produzir alimentos o ano todo e, em praticamente, todos os cantos do seu território. Tem, portanto, condições para produzir o suficiente para alimentar convenientemente sua população e exportar excedentes em grandes volumes para nações desprovidas das condições privilegiadas do nosso país.

Não é pela incapacidade do setor agrícola brasileiro para produzir mais alimentos que alguns cidadãos nativos passam fome, mas sim, pela incapacidade dos nossos legisladores de elaborar e implementar políticas públicas capazes de distribuir a renda de maneira mais justa e equânime, dando condições financeiras para que os que vivem à margem do mercado possam dele participar, comprando, muitas vezes, o alimento que eles próprios produziram.

Alimento é saúde, que faz falta para quem não se alimenta adequadamente, seja na quantidade ou na qualidade dos produtos que consome. Uma pessoa bem alimentada apresenta menores riscos de contrair doenças e estará mais apta para o trabalho, dado o bem estar físico e mental de que desfruta. Bem alimentada e com boa saúde, a pessoa pressiona menos o sistema previdenciário, falta menos ao trabalho e produz mais. O alimento é o melhor remédio: “Que seu remédio seja teu alimento, e que seu alimento seja seu remédio” escreveu Hipócrates, o pai da medicina, há 2.400 anos.

O equilíbrio do valor nutricional dos alimentos que ingerimos é fundamental, pois só existe um alimento completo, que é o ovo; mas ninguém consegue sobreviver só comendo ovos. O ideal é combinar alimentos que forneçam carboidratos (cereais e tubérculos), proteínas e gorduras (carnes e leguminosas), vitaminas e minerais (frutas e verduras), dentre outros.

Alimentação mal balanceada é resultado do desconhecimento do consumidor sobre o valor nutricional de cada componente da dieta.

É crime passar fome no Brasil. Quando isto acontece, algo está errado.

Amélio Dall’Agnol, engenheiro agrônomo