Segundo estimativas da Consultoria Pricewaterhouse Coopers (PwC), apesar da hegemonia econômica dos Estados Unidos (EUA) ao longo do último século, será a China que dará as cartas na economia mundial dentro de uma ou duas décadas, assumindo uma liderança que dificilmente será superada no curto e médio prazos, dada a dinâmica da economia do país asiático.

De acordo com o FMI, em 2019 integravam as 10 maiores economias do Planeta, pela ordem de importância, além dos EUA (US$ 22.1 trilhões) e da China US$ 14.8 trilhões), o Japão (US$ 5.7 trilhões), a Alemanha (US$ 4.9 trilhões), o Reino Unido (US$ 3.8 trilhões), a França (US$ 3.6 trilhões), a Índia (US$ 3.1 trilhões), o Brasil (US$ 2.9 trilhões), a Itália (US$ 2.6 trilhões) e a Rússia (US$ 2.5 trilhões).

Além do reposicionamento de EUA e China, haverá outros reposicionamentos até 2050. Segundo a PwC, o PIB da China evoluirá para US$ 50 trilhões, seguido pelos EUA com US$ 34 trilhões, Índia com US$ 28 trilhões e Indonésia com US$ 7.3 trilhões. O Brasil, que atualmente ocupa a 8ª posição, subiria para a 5ª em 2050, superando a Alemanha e Inglaterra, mas sendo superado pela Indonésia e ameaçado pelo México, cujos PIBs atuais situam-se na 18ª e 15ª posição, respectivamente.

O que é possível inferir de uma análise rápida destes dados é que o tamanho do território e da população contam muito na formação do PIB. Dos países cujos territórios poderiam ser classificados como pequenos, apenas Japão, Alemanha e Reino Unido permanecem no grupo dos 10 grandes em 2050, ao tempo que França e Itália cedem espaço para os novos protagonistas: Indonésia e México.

Poder-se-ia questionar porque o Canadá, cujo território é imenso e rico em recursos minerais, não figura entre os grandes; nem hoje e nem em 2050. A razão principal está na sua baixa capacidade de produzir e de consumir, dada a sua pequena população.

Segundo a PwC, o que promove o Brasil da 8ª para a 5ª posição, além do grande território e população, é sua imensa disponibilidade de recursos naturais, tanto minerais (minério e petróleo) quanto terra apta para a produção agrícola com água abundante e clima favorável, possibilitando até três safras no mesmo local e ano. Outra vantagem do Brasil no âmbito da produção agrícola é seu domínio tecnológico para produzir eficientemente em climas tropicais de baixa latitude, onde são entregues boas produtividades, que contrastam com as de outros países em desenvolvimento.

É no âmbito do agronegócio que o Brasil se destaca e tem angariado respeito e admiração da comunidade nacional e internacional. É destacadamente o setor mais dinâmico e superavitário da economia brasileira e grande responsável pela ascensão do país para posições de vanguarda econômica.

No 18º Congresso Brasileiro do Agronegócio realizado em São Paulo, em Agosto de 2019, o economista José Roberto Mendonça de Barros salientou que o agro tem vocação para o crescimento, destacando a importância das tecnologias no crescimento verificado nas últimas décadas. Crescimento maior da pecuária, segundo ele, visto que a agricultura vem apresentando bom desempenho há mais tempo, e salienta “o crescimento robusto e acelerado da pecuária nos últimos 15 anos foi respaldado pela revolução proporcionada pelo sistema de integração lavoura/pecuária/floresta”. O sistema ILPF, como é chamado, revolucionou a produção pecuária via recuperação de pastagens degradadas e, ainda, melhorou o desempenho da agricultura pela alternância com as pastagens.

O economista enfatiza que o sucesso do agronegócio é um modelo para ser seguido por outros setores da economia brasileira, mas concorda com outros palestrantes do evento, que o transporte e a logística para escoamento dos produtos agropecuários continua sendo um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento do setor.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja