Os nematoides estão entre as principais pragas dos cultivos. Estima-se que aproximadamente 10% da produção agrícola global é perdida pelo ataque desses vermes, levando a perdas econômicas anuais avaliadas em cerca de US$ 157 bilhões, segundo Hassan et al. (2013). No Brasil, as perdas são estimadas em R$ 35 bilhões, sendo R$ 16 bilhões somente na soja.

Erradicar uma infestação de nematoides de uma lavoura é até possível, mas a um custo inaceitável para grandes lavouras. Dependendo das circunstâncias, o alto custo pode, eventualmente, compensar para pequenas plantações de hortaliças próximo a grandes centros urbanos. A melhor estratégia para contornar o problema dos nematoides é evitar sua entrada na propriedade, o que ocorre pela utilização de materiais contaminados. Uma vez introduzida, a praga, provavelmente, será companheira para toda a vida do agricultor e de seus descendentes.

Não sendo possível erradicar a praga, uma vez introduzida na propriedade, o melhor que se pode fazer é conviver com ela, evitando que o ataque alcance o nível de dano econômico. Para lograr tal objetivo recomenda-se o uso de técnicas de manejo integrado, como o controle biológico, a rotação/ sucessão de culturas com espécies não hospedeiras ou o uso de cultivares resistentes/tolerantes, quando disponíveis.

Via de regra, os nematoides agridem as plantas pelas raízes. Mas também têm nematoides que atacam outras estruturas dos vegetais. A quase totalidade das grandes culturas são atacadas por alguma espécie de nematoide. As espécies mais presentes nas raízes da soja são os nematoides formadores de galhas (Meloidogyne spp.), os formadores de cistos (Heterodera glycines) e o nematoide das lesões (Pratylenchus brachyurus). Também existem nematoides benéficos para as culturas e que atuam na decomposição da matéria orgânica do solo, na mineralização de nutrientes e na degradação de toxinas, podendo estimular o desenvolvimento das plantas.

Os sintomas que indicam o ataque de nematoides numa lavoura podem ser facilmente confundidos com deficiência de nutrientes ou estresse hídrico, visto que eles inibem a absorção de água e de nutrientes. Sua presença geralmente se manifesta em reboleiras com plantas cloróticas, nanicas, lesões nas raízes e, consequentemente, queda na produção.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja