No rescaldo da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada recentemente em Glasgow, Escócia (COP 26), a lembrança dos potencias efeitos desastrosos dos gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis e madeira, está bastante viva em nossas memórias.

Muito se falou nesse evento do gás carbônico (CO2) liberado na atmosfera pela queima desses combustíveis, mas, dos gases que produzem o efeito estufa, o CO2, embora seja o mais lembrado, é dos menos tóxicos para o ambiente; 25 vezes menos tóxico que o gás metano, por exemplo. Seu problema reside na grande quantidade liberada diariamente na atmosfera pelos veículos e incêndios florestais.

A presença do CO2 na natureza é indispensável para que ocorra a fotossíntese pelas plantas, processo que absorve o carbono (C) transformando-o em tecido vegetal e liberando o oxigênio (O2) que respiramos, indispensável para a nossa sobrevivência e demais organismos aeróbicos.

Embora sempre lembrados como tóxicos ao ambiente, os gases de efeito estufa (GEE) são indispensáveis para que haja vida no planeta. Sem eles a vida na Terra seria inviável, por causa das baixas temperaturas que se formariam na sua superfície. Eles são a garantia para que a terra permaneça aquecida, pois da radiação solar que incide sobre ela, parte é refletida de volta para o espaço e outra parte é absorvida, aquecendo-a.

Mas a atividade humana tem sido muito intensa a partir do início da Revolução Industrial (final do século 18), cujas atividades proporcionaram a emissão de grandes quantidades de CO2, causando o efeito estufa, precursor do aquecimento global.

A temperatura atmosférica está aumentando além do desejável e ameaça a continuidade da vida na Terra. É o fenômeno conhecido como aquecimento global - uma acentuação do efeito estufa –, responsável por desencadear uma série de mudanças no planeta, como o derretimento das geleiras polares com o consequente aumento do nível dos mares, a extinção de várias espécies animais e vegetais, o aumento da quantidade de chuvas em algumas regiões e longos períodos de estiagem em outras.

O efeito estufa é resultado do bloqueio da radiação solar que incide sobre a superfície da terra aquecendo-a e parte do calor é impedido de retornar ao espaço pelos GEE presentes na atmosfera. Esse fenômeno natural é desejável para manutenção da temperatura terrestre, desde que dentro dos limites aceitáveis à vida no planeta. Mas a intensidade da emissão de GEE, particularmente do CO2 e do Metano (os mais presentes), está aquecendo a atmosfera terrestre além do tolerável e causando eventos climáticos extremos imprevisíveis, com tendência a intensificarem-se caso medidas de controle, como as propostas na COP 26, não forem adotadas.

O desejável é que o gás carbônico permaneça na superfície da terra como matéria orgânica e seja liberado na medida do necessário, com a morte e decomposição das plantas.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja