O feijão, juntamente com o arroz, constitui a mais famosa dupla na dieta alimentar do povo brasileiro. O feijão fornece a proteína e o arroz o carboidrato; uma combinação perfeita, saudável e barata. Um complementa o outro fornecendo também nutrientes indispensáveis para o nosso adequado desenvolvimento.

Além do papel relevante na alimentação da população, o feijão é um produto de grande importância econômica e social, principalmente por conta da mão de obra empregada durante o ciclo da cultura.

Por ser um alimento rico em proteínas, o feijão é muito utilizado na alimentação de nações pobres como Índia e Myanmar, substituindo a proteína animal, que é escassa e cara. Apesar da sua riqueza proteica, o feijão não tem muitas alternativas de uso além do consumo direto na alimentação humana. Mas não continuará sendo assim. Está prevista uma enxurrada de produtos à base de feijão no mercado nacional e mundial, nos próximos anos. Muitos desses novos produtos já estão em elaboração nos laboratórios de empresas inovadoras e brevemente estarão no mercado, como, por exemplo, a farinha de feijão utilizada em sopas instantâneas, feijão pré-cozido, feijão enlatado e produtos comercializados em restaurantes como sopa de feijão, salada de feijão, feijão mexido, feijoadas, etc.

O feijão é dos mais antigos alimentos no Brasil - o feijão tem estado presente no almoço e no jantar da maioria dos brasileiros, em todas as regiões do país.

Sua origem mais provável é a América Central ou a região andina da América do Sul; Peru em particular. São muitas as espécies em cultivo, mas cerca de 50% são do tipo feijão-comum (Phaseolus vulgaris), para cujo produto o Brasil é o maior produtor global, concentrando sua produção nos estados do PR, de MG e da BA. No entanto, considerando o conjunto de todas espécies de feijão, o Brasil passa a ocupar a terceira posição, depois de Myanmar e Índia.

No Brasil é cultivado em todas as regiões. O feijão é um produto de grande importância econômica e social para agricultores de pequeno e médio porte. No entanto, a possibilidade de produção de feijão em todos os estados e em várias épocas do ano, despertou o interesse de grandes produtores, mais tecnificados e capitalizados e que respondem com maiores produtividades.

Por essa razão, podemos classificar os produtores de feijão em dois grupos: os tradicionais pequenos produtores que têm sua renda dependente das condições climáticas, forçando-os a concentrar sua produção na estação das águas da região Sul e os grandes produtores irrigados, cuja produção se concentra nas safras da seca e do inverno (segunda e terceira safras) na região central do Brasil.

O consumo de feijão no Brasil tem-se mantido estável nas últimas décadas, estacionado em torno de três milhões de toneladas. O que tem desfavorecido o consumo de feijão foi a mudança nos hábitos alimentares da população, que está reduzindo o consumo do grão por outros alimentos: carnes, leite e derivados, verduras, legumes, ovos e frutas.

Embora não tenha sido muito relevante a mudança de patamar da renda per capita da população brasileira, a pequena melhora também contribuiu para a redução do consumo de feijão.

Novas formulações de alimentos baseados na proteína do feijão deverão surgir no mercado em breve, além das citadas anteriormente, dada a necessidade que o mundo tem de depender menos da proteína animal.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja