As plantas, igual que os animais, também precisam alimentar-se. O alimento das plantas é constituído principalmente de compostos orgânicos produzidos a partir do gás carbônico atmosférico (CO2) e, via fotossíntese, absorvido e incorporado no tecido dos vegetais na presença de luz solar, água, oxigênio e hidrogênio. Embora em menores quantidades, as plantas também absorvem do solo, via raízes, outros nutrientes indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento, para o que, o solo precisa estar bem suprido desses elementos, ou eles precisam ser adicionados como fertilizantes.

Os nutrientes que as plantas extraem do solo e são considerados como essenciais, são representados por dois grupos: os macronutrientes (Nitrogênio, Potássio, Cálcio, Magnésio, Fósforo e Enxofre) e os micronutrientes (Cloro, Ferro, Boro, Manganês, Zinco, Cobre e Molibdênio). Os macronutrientes são assim denominados porque são exigidos em grandes quantidades pelas plantas, relativamente aos micronutrientes.

Dos macronutrientes, o nitrogênio é o elemento demandado em maior quantidade pelas plantas cultivadas (em especial as leguminosas), seguido pelo potássio e em quinto lugar, pelo fósforo. Embora o nitrogênio seja o nutriente mais requerido pela soja, o custo deste fertilizante não suscita maiores preocupações aos produtores da oleaginosa, porque este nutriente pode ser disponibilizado à soja a um custo irrisório, via inoculação das sementes com bactérias fixadoras de nitrogênio, capazes de transformar o N2 encontrado em abundância na atmosfera, em amônia (NH4), forma absorvida pelas raízes da soja.

Depois do nitrogênio, o potássio é o macronutriente absorvido em maior quantidade pelas plantas e o Brasil é dependente de importação em mais de 90% das suas necessidades, o que é preocupante. Canadá e Rússia são os principais fornecedores desse fertilizante ao Brasil. Mas, estudos recentes indicam que o subsolo amazônico brasileiro pode esconder uma das maiores reservas globais do mineral (mais de 1 bilhão de toneladas); infelizmente, encontrado a uma profundidade aproximada de 1.000 metros, o que dificulta a sua exploração. Segundo análises realizadas em amostras coletadas dessa reserva, seu teor em potássio é muito superior ao da reserva atualmente sendo explorada no Sergipe: 40% ante 18% a 30%.

Atualmente, a reserva sergipana é a única a fornecer o mineral à agricultura brasileira (650 mil toneladas anuais), mas têm data de vencimento: se esgotarão com mais oito anos de exploração. Já a reserva amazônica têm capacidade para fornecer até 300 milhões de toneladas anuais de sais de potássio, abastecendo com folga a demanda nacional e economizando bilhões de dólares em importações para o País. Estudos de viabilidade econômica da reserva amazônica já estão em andamento, através da Secretaria de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos do Brasil.

O potássio é o elemento mais móvel no sistema solo-planta. Ele é absorvido, principalmente durante o estágio de crescimento vegetativo da planta. O potássio não é constituinte de nenhuma molécula orgânica do vegetal, mas é essencial em várias atividades bioquímicas: promove a absorção de água, regula a translocação de nutrientes na planta, auxilia no transporte e armazenamento de carboidratos e incrementa a absorção de nitrogênio e a síntese de proteínas. Também, é importante na fotossíntese, na formação dos frutos e na promoção da resistência ao frio e às doenças.

A depender da quantidade de chuva, da dose de nutriente aplicado e da textura do solo, o potássio pode ser lixiviado no perfil do solo. Solos com textura média ou arenosa são mais propensos à lixiviação do nutriente. Em solos argilosos ele não se desloca muito, a menos que seja arrastado pela erosão.

Solos deficientes de potássio favorecem o acamamento das plantas, promovem a clorose seguida de necrose nas pontas e margens das folhas mais velhas, determinando sua queda prematura. Como consequência, a floração é retardada, a área verde foliar e a fotossíntese são reduzidas, os frutos ficam menores e a produtividade é reduzida. A maior parte dos solos brasileiros é relativamente bem suprida de potássio. Contudo, cultivos sucessivos sem reposição do nutriente exportado pelas colheitas a cada ano, induzem o solo à deficiência e sua reposição torna-se necessária para manter a capacidade produtiva inalterada. Para uma produção de 3.000 kg/ha, por exemplo, a soja extrai 110 kg de potássio e exporta 54 kg/ha junto aos grãos que saem da lavoura para a indústria ou exportação. É esta quantidade exportada que precisa ser reposta anualmente para não reduzir a capacidade produtiva desse solo. Mas cuidado com os exageros na quantidade disponibilizada como fertilizante. Aplicação exagerada pode prejudicar e não ajudar na produtividade.

O que mais conta para a obtenção de uma boa colheita é o equilíbrio dos vários nutrientes essenciais disponibilizados à cultura, não sua quantidade.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

LEIA TAMBÉM:

AGRO, eficiência produtiva apesar das dificuldades