O uso de produtos biológicos (Trichoderma, Trichogramma, Telenomus podisi, Bacillus thuringiensis, entre outros) para controle de pragas e doenças é uma ferramenta importante no manejo das culturas e faz parte de uma nova onda tecnológica. Esse crescente interesse pelos produtos biológicos por parte dos produtores indica preocupações, não apenas visando a redução dos custos de produção, mas também, atendendo aos apelos da sociedade por uma agricultura mais sustentável, substituindo parcial ou totalmente os agrotóxicos, prática que ainda predomina nos controles fitossanitários.

O consumo de produtos biológicos ainda é modesto no Brasil, mas está em franco crescimento. Com o recente estabelecimento do Programa Nacional de Bioinsumos no País, sua produção e seu consumo deverão ganhar ainda mais protagonismo.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), a produção e o consumo de biodefensivos no País cresceu 77% somente no ano-safra de 2019 e movimentou R$ 930 milhões; aumento de 23% da área tratada, em apenas um ano. Via de regra, o controle fitossanitário com produtos biológicos vem associado com o tratamento químico.

Existe a expectativa de que num período de 10 anos o Brasil terá uma agricultura de base amplamente biológica, quando os químicos e os biológicos serão aplicados em conjunto, um potencializando a ação do outro. Uma ação sinérgica. Mas o Programa Nacional de Bioinsumos contempla outros tipos de produtos, além dos usados para controle biológico, abrangendo desde inoculantes, promotores de crescimento de plantas, biofertilizantes, produtos para nutrição vegetal e animal, extratos vegetais, até produtos fitoterápicos e também tecnologias que têm ativos biológicos na composição, seja para plantas e animais ou mesmo, para processamento e pós-colheita.

A soja é a cultura que mais se beneficia dos biológicos. O Mapa estima que haja no país 40 milhões de hectares cultivados com promotores de crescimento, o que representa economia de US$ 13 bilhões somente com a inoculação das sementes da oleaginosa com bactérias fixadoras de nitrogênio, substituindo integralmente o nitrogênio mineral e, dessa forma, reduzindo significativamente o custo de produção, o que confere ao Brasil maior competitividade no mercado global da soja e de 10 a 15 milhões de hectares que utilizam bioinsumos no controle de pragas, uma economia de outros R$ 180 milhões em defensivos químicos, segundo uma live da AgroBrasília Digital, veiculada em 10 de julho de 2020.

Além da produção industrial dos bioinsumos, existe a possibilidade de produção on farm (na fazenda), o que reduziria os custos, mas demanda capacitação e estrutura adequadas para não desmerecer a tecnologia.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja