O produtor rural tem dúvidas e muitos técnicos de campo que o orientam, também. O problema consiste em saber da conveniência de adubar a soja com nitrogênio (N) mineral, quando a semente é inoculada com bactérias fixadoras de N, as quais têm a capacidade de absorver o N que existe em abundância no ar atmosférico e disponibilizá-lo às plantas a custo irrelevante.

Resultados de pesquisa realizados pela Embrapa, Universidades e outras instituições de pesquisa indicam não ser necessário incluir o N no fertilizante disponibilizado à lavoura de soja, quando esta é inoculada corretamente. Mesmo assim, muitos técnicos e produtores insistem perguntando: “mas não vale a pena colocar nem um pouco de N, só para dar aquele arranque inicial? ”

Não, caro produtor. O crescimento mais vigoroso observado nos primeiros estágios de desenvolvimento quando se aplica N mineral na semeadura, desaparece quando as bactérias do inoculante começam a funcionar, o que ocorre cerca de 10 a 15 dias após o plantio. A bem da verdade, os fertilizantes oferecidos pela indústria já vêm com pequenas quantidades de N (2 a 4%), que ajudam no arranque inicial das plantas, não inibem a ação das bactérias fixadoras de N e não é cobrado do produtor. Neste caso, tudo bem. Deixe o N, porque pode ser mais custoso pedir uma fórmula de fertilizante livre dessa pequena quantidade de N.

O N mineral é um fertilizante caro e se não adiciona ganhos de produtividade à cultura da soja, é prejuízo para o produtor. Estima-se que o Brasil economizaria cerca de R$ 30 bilhões ao dispensar completamente o uso do N mineral na adubação dos seus quase 40 milhões de hectares de soja, considerando os custos do fertilizante, os custos operacionais para aplicá-lo no plantio ou em cobertura, além dos benefícios que a sua não utilização

proporcionaria ao meio ambiente, reduzindo a contaminação das águas com nitrato e a emissão de óxido nitroso na atmosfera, um dos gases que promove o efeito estufa.

Contrastando os argumentos de quem acredita ser recomendável acrescentar N mineral ao normalmente fixado pelas bactérias - porque este seria insuficiente para que produtividades maiores do que a atual média nacional (3,5 t/ha) sejam alcançadas, pesquisas realizadas para avaliar essa possibilidade indicaram que a fixação biológica é capaz de fornecer o N necessário para produtividades superiores a 4,5 t/ha. Portanto, ele é totalmente dispensável

Se adicionar N na adubação da soja não aumenta a produtividade, quem ganha é o vendedor do fertilizante, não o produtor. Pense nisso no próximo plantio, mas certifique-se de que utilizou inoculantes dentro do prazo de validade, a inoculação foi bem feita, os inoculantes não foram expostos a temperaturas inadequadas e armazenados por períodos longos e em ambientes inapropriados.

Vamos usar a natureza em nosso favor para lucrar mais, em termos financeiros e ambientais.