Agronegócio é a tradução de Agribusiness, expressão cunhada em 1957 pelos pesquisadores norte-americanos Davis e Goldeberg, que sugere negócios relacionados ao campo agrícola. O termo expressa todos os segmentos que integram a cadeia produtiva de determinado produto, começando pela sub-cadeia produtiva dos insumos, passa pela produção propriamente dita dentro da porteira e termina depois da porteira com a distribuição dos derivados da produção resultante. O agronegócio pode, também, ser definido como um complexo agroindustrial. O agronegócio da soja, por exemplo, inclui a indústria de máquinas e insumos a montante da porteira da unidade produtora e termina com o transporte, armazenagem, processamento e distribuição, a jusante da propriedade de grandes e pequenos produtores, sem distinção.

Com o advento da Primeira Revolução Industrial (meados do século 19), o agronegócio começou a estruturar-se com o estabelecimento da indústria de processamento de carnes e produção de fertilizantes químicos: fábricas de superfosfato na Inglaterra e de fertilizantes potássicos na Alemanha. Sulfato e fosfato de amônia só apareceram após 1ª Grande Guerra. Inseticidas sintéticos em larga escala, somente foram disponibilizados a partir de meados do século 20.

Mas é ao longo do século 20 que ocorrem as grandes mudanças no setor agrícola mundial, com os avanços na aplicação de tecnologias baseadas na química e na biologia, principalmente. É no correr desse período que o mercado se estrutura para atender às demandas por produtos e serviços dos diferentes segmentos das diversas cadeias produtivas. Grandes empresas de máquinas, de insumos e de distribuição se estabelecem e o comércio se organiza em bolsas de mercadorias.

O agronegócio mundial evoluiu e cada vez mais se caracteriza pela concentração dos mercados de insumos, processamento e distribuição. Para a soja, por exemplo, gigantes multinacionais como a ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus concentram o comércio de fertilizantes, grãos e seu processamento. Os agroquímicos estão na mão de Bayer, Basf e Corteva. As máquinas têm o domínio da John Deere, AGCO e CLAAS, entre outras. A tendência tem sido a de juntar para reduzir custos, ganhar musculatura e ter força para investir em novos produtos tecnológicos. Os pequenos têm pouca chance de sobreviver nessa briga de gigantes.

O agronegócio é fundamental para a economia do Brasil. Ele responde por cerca de um quarto do PIB nacional (24%), ante apenas 10% nos Estados Unidos. Embora uma alta participação do PIB agrícola na formação do PIB de uma nação indique menor desenvolvimento industrial e, consequentemente, exportação de produtos com menor valor agregado, o Brasil se orgulha da pujança do seu setor agroindustrial, maior responsável pela redução do impacto socioeconômico da pandemia do Covid -19.

O agronegócio sinaliza desenvolvimento e segurança para o Brasil.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja