A posição de destaque que o Brasil ocupa no cenário global tem muito a ver com os avanços do agronegócio. O país era importador de comida na década de 1970 e em 2021 figura como o segundo maior exportador de alimentos, previsto para assumir a liderança ainda no correr desta década, ultrapassando os Estados Unidos.

Mas essa conquista não se deu por acaso. Foram os desenvolvimentos tecnológicos que transformaram o cerrado - uma savana tropical improdutiva, desabitada e desprestigiada - no principal centro produtor brasileiro de grãos, fibras e carnes, adaptando culturas, como a soja, para as exigências desse desvalorizado ecossistema.

Aliado a isso, dinâmicos e ambiciosos agricultores incorporaram aos seus processos produtivos tecnologias como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, o manejo integrado de doenças e pragas, a inoculação e coinoculação, além de melhorarem a gestão de suas propriedades. Como resultado, o agro brasileiro deslanchou e sua eficiência produtiva chama a atenção do mundo.

Mas e agora, José! Como o agro pode continuar evoluindo de forma sustentável? Agricultura sustentável é aquela que respeita o meio ambiente, é justa do ponto de vista social e consegue ser economicamente viável. A natureza exige compensações para seguir provendo os recursos que o homem precisa para produzir e continuar se alimentando.

A sustentabilidade nas atividades agrícolas demanda práticas de preservação ambiental, adoção de novas tecnologias e aplicação de métodos sustentáveis na rotina do campo. É a busca pelo equilíbrio entre a natureza e a produção.

A Organização das Nações Unidas estima que a população mundial atingirá cerca de 10 bilhões de pessoas, em 2050. Quem alimentará esse enorme contingente de humanos e que continua crescendo? Certamente será o agricultor. Mas ele precisará fazê-lo com o mínimo impacto sobre a natureza, pois a sociedade está cada vez mais crítica sobre os potenciais danos ambientais que a agricultura pode causar.

Para vencer esse desafio, os produtores rurais precisarão, mais do que nunca, de tecnologia que possibilite aumentar a produtividade das lavouras sem causar danos ao ambiente. Precisam produzir sustentavelmente ou as futuras gerações não terão recursos naturais para explorar e alimentar-se. Nesse cenário, os insumos biológicos em franco desenvolvimento no Brasil e no mundo despontam como um ferramental importante na conquista de uma produção de baixo impacto ecológico.

O agricultor precisa estar antenado com o presente, mas com os olhos voltados para a necessidade de garantir a segurança alimentar de gerações futuras.

Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja

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