Da avenida dos Pioneiros, zona leste, o progresso de Londrina é visto pela imponência dos imóveis no horizonte. O crescimento da segunda maior cidade se confirma nos números. De acordo com boletim divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada, o município chegou aos 575.377 habitantes. Crescimento de 0,99% em relação ao levantamento do ano passado. São quase 70 mil pessoas a mais em dez anos. Também da avenida dos Pioneiros, a expansão de parte da região se destaca aos olhos.

Imagem ilustrativa da imagem Zona leste: retrato da Londrina que não para de  crescer
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Historicamente, a localidade que fica perto do terminal rodoviário foi caracterizada pelas indústrias e considerada periférica ao centro, cortada pela linha férrea, nas primeiras décadas de Londrina. Mas a zona leste, que guarda o Marco Zero da cidade, se ressignificou, principalmente na atual década. O ponto de partida para a mudança de conjuntura foi justamente o Complexo Marco Zero, com a inauguração de um shopping e outros empreendimentos no entorno.

Visando este desenvolvimento, o mercado imobiliário corroborou para o impulso, com um “boom” de moradias, refletidas em condomínios fechados e prédios. “Já vínhamos fazendo a previsão de que a zona leste seria a ‘menina dos olhos’ do município. Chegamos neste período. A região oferece todas as características que o mercado imobiliário precisa para um crescimento com sucesso: solo plano, sem vales profundos e próxima do centro”, elencou Marco Antônio Bacarin, presidente do Sincil (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina e Região).

A dificuldade do acesso foi sendo superada ao longo dos anos. A região conta com corredores de trânsito importantes, como as avenidas Dez de Dezembro, Juscelino Kubitschek e a BR-369. “A avenida dos Pioneiros foi o primeiro acesso a Londrina, para quem vinha de São Paulo. Antes mesmo da BR-369", relembrou Bacarin. A eclosão de novos núcleos urbanos ainda obriga o implemento constante de infraestrutura, como a duplicação de trecho dos Pioneiros e o Arco Leste, que vai interligar a PR-445 a BR-369.

MUDANÇAS

Depois de décadas vivendo em Marília, no interior de São Paulo, o agricultor aposentado Julio Nunes de Almeida decidiu se mudar para a cidade da terra vermelha, para ficar junto da família. Já são 13 anos como morador de Londrina, no conjunto Alexandre Urbanas. “Mudou muito nesse tempo que estou aqui. Muitos prédios, bairros novos. A população só está aumentando”, relatou. Apesar da identificação criada com o município, tem uma crítica. “Como sou de Água Fria, na Bahia, não gosto do frio”, brincou.

Empresário, Edson Donisete da Silva apostou na região há 26 anos, quando construiu um depósito de materiais na avenida Jamil Scaff. “Sempre acreditamos que iria dar certo. Ficou parado por um bom tempo, mas nos últimos anos a zona leste cresceu muito. É notório. São loteamentos, tem uma grande rede de supermercados que agora vai se instalar aqui perto”, apontou, já pensando no futuro e negócios. “As perspectivas são boas. Quanto mais gente, mais positivo.”

A zona leste ainda abriga estruturas essenciais para o funcionamento de todo o município, como o HU (Hospital Universitário) e o aeroporto Governador José Richa. Além disso, conta com duas universidades, a UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e a Unicesumar.

ESCASSEZ

Apesar de todas as riquezas econômicas e de seus habitantes, a localidade guarda sua pobreza. Em volta da prosperidade, pessoas que moram em barracos de bairros periféricos esperam a sua vez para vislumbrar uma vida melhor. “Muitas vezes dependo de doações para não faltar nada em casa”, desabafou a dona de casa Vanessa Silva.

expansão rumo a ibiporã

O Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) prevê o crescimento acelerado da zona leste até o limite com Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) nos próximos anos. “A zona leste ficou sem investimento justo por um bom tempo e Londrina ficou perto de Cambé. A primeira região que teve expressivo desenvolvimento foi a zona norte, depois a sudoeste, que é a Gleba Palhano, sul também”, explicou Denise Ziober, presidente do órgão.

Segundo o último censo demográfico do IBGE, de 2010, a região leste é a terceira mais populosa do município. Ziober disse que nas proximidades da UTFPR sete mil unidades populares estão sendo construídas ou já foram entregues, onde vão se instalar aproximadamente 21 mil pessoas. Na área ainda será edificada uma unidade de prevenção do Hospital do Câncer. O terreno foi doado pelo Executivo no ano passado. “Obras de infraestrutura induzem a novas ocupações e chamam cada vez mais atenção”, frisou.

Perto da universidade tecnológica, várias diretrizes de parcelamento do solo foram aprovadas e outras estão em análise para loteamentos. “Temos a proposta de um terminal multimodal para o extremo da zona leste, para atender a população que vai se instalar muito rapidamente. Corredores estratégicos estão recendo intervenções para atender as pessoas no movimento pendular. O viaduto da Dez de Dezembro é um exemplo. Existem obras previstas no Plano de Mobilidade”, pontuou.

GLEBA PALHANO

A Gleba Palhano é um exemplo de adensamento expressivo em pouco tempo. Há cerca de 13 anos, o lugar era um vazio urbano. A aposta na verticalização deu certo e a região recebeu inúmeros investimentos públicos e particulares, sendo ainda hoje um dos símbolos do avanço londrinense. O Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) calcula que mais de 100 edifícios, com média de 30 andares, foram construídos nos últimos dez anos. Agora, a perspectiva é de construções na Adhemar Pereira de Barros, em direção à avenida Harry Prochet, também na zona sul.

“O crescimento de Londrina é grande e tem apelo para o adensamento. Essa é a proposta do Plano Diretor, de ocupação dos vazios urbanos. Temos que fazer com que a cidade ocupe as áreas que já dispõe de infraestrutura. Isso gera economia e ainda mais no pós-pandemia de coronavírus, em que devemos ter uma diminuição na obtenção de recursos”, afirma Denise Ziober, presidente do órgão.