Com a redução no volume de vendas em quase 70%, uma empresa em Londrina encontrou uma solução para não ficar de braços cruzados, e o que é melhor: colocar em prática a responsabilidade social.

Cerca de 50 equipamentos já foram consertados: serviço evita que instituições tenham gastos com mão de obra ou compra
Cerca de 50 equipamentos já foram consertados: serviço evita que instituições tenham gastos com mão de obra ou compra | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Desde o mês de abril, a Aceno, que atua há quase 20 anos no mercado de automação comercial, vem dedicando tempo e conhecimento para consertar equipamentos hospitalares de Londrina e região metropolitana, de forma voluntária. Já foram reparados cerca de 50 equipamentos, sendo 12 respiradores, além de oxímetros, desfibriladores, aparelho de ultrassom, monitores paramétricos, incubadoras e bomba de infusão. Um serviço que tem evitado que instituições como o Hospital São Rafael de Rolândia, Hospital Cristo Rei de Ibiporã, e a própria Secretaria de Saúde de Londrina tenham gastos como mão de obra ou compra de equipamentos novos.

Um dos sócios-fundadores da empresa, Lucas Prado Lone, comenta que para os reparos o orçamento giraria em torno de R$ 50 mil e para a compra de aparelhos, os hospitais teriam um custo aproximado de R$ 1 milhão.

Basicamente, a maioria dos aparelhos que chegam na empresa está com a fonte danificada ou demandam uma substituição da bateria. Se for necessário repor alguma peça que não pode ser desenvolvida pela empresa, os hospitais atendidos fornecem o material. Mas também há parcerias com entidades, como o Sindimetal (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico).

“Os ventiladores são nossa prioridade para que possamos liberá-los com rapidez e nosso trabalho consiste na manutenção de todo o sistema eletrônico desses equipamentos. Em algumas situações, se for possível, chegamos até a produzir a peça”, diz.

CONTATOS

O trabalho de manutenção teve início a partir de contatos informais entre a empresa e representantes do grupo Salus (Saúde Londrina União Setorial). De acordo com Lone, o HU (Hospital Universitário) não enviou aparelhos porque conta com uma equipe técnica interna.

A ação voluntária envolve dois colaborares, o engenheiro eletricista e gerente industrial da empresa, Leandro Borini Lone, e o técnico Vitor Eduardo de Lima, que tem encarado o serviço como “gratificante, pois sei que posso ajudar com nosso conhecimento. Sabendo que esses aparelhos voltarão para os hospitais a partir das nossas mãos, é muito bom. “

O engenheiro Lone conta que já ficou três dias inteiros trabalhando em um equipamento porque, apesar do conhecimento técnico, não funcionam como uma assistência técnica. “Então, além da mão de obra, estamos buscando informações específicas de cada aparelho a todo momento. É uma forma de adquirir conhecimento também”, afirma.

Sobre os resultados, ele diz que “só de saber que vamos liberar oxímetros e outros aparelhos para quem está precisando deles no momento, é um motivo de orgulho. Como ser social pensamos a todo momento que podemos fazer algo, mas nem sempre é fácil, ainda mais para um setor específico como o da saúde”, diz.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

O sócio-fundador Lucas Lone comenta que a ideia de oferecer mão de obra voluntária surgiu quando ele e os funcionários perceberam que o cenário da pandemia do novo coronavírus estava deteriorando o sistema de saúde da região.

“Imaginamos que poderia faltar manutenção de equipamentos dos hospitais e sempre tivemos um viés voluntário na área técnica. No ano passado, fizemos uma grande doação para a UEL de componentes e revistas técnicas, que assinamos por uma década. Não fazíamos ideia do que iríamos ter pela frente, mas está dando muito certo. Estamos ajudando não apenas os hospitais, mas toda a sociedade”, afirma.