Vila para idosos depende de transferência de área para prefeitura

A Prefeitura de Londrina ainda aguarda a transferência para o município das antigas casas da Aeronáutica, localizadas nas proximidades do Aeroporto Governador José Richa, na zona leste. O conjunto de 17 residências será transformado em uma Vila para Idosos para as pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. O projeto da Vila é de 2020 e enquanto não sai do papel, a área é invadida e também acumula lixo, como foi constatado pela reportagem.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, o processo de transferência depende do governo federal e, por isso, não existe prazo de conclusão. E enquanto a transferência não for documentada, o município não pode mexer na estrutura.

A área, que tem, aproximadamente, sete mil metros quadrados e está dividida em dois terrenos, sendo um na avenida Santos Dumont e o outro na avenida Paul Harris, recebe manutenções periódicas realizadas pelo município, apesar da falta da documentação da transferência.

"A cada 30 ou 40 dias eles [a Prefeitura] vêm aqui dar uma roçada no mato. Mesmo assim, está abandonado e gerando problemas para quem fica e mora na região", conta o taxista Antônio Tomazella. Segundo ele, que trabalha nas proximidades, as construções têm abrigado pessoas em situação de rua, bem como usuários de drogas. "A prefeitura lacrou as portas para poder impedir a entrada, mas mesmo assim o pessoal tem usado. Pode ver que tem alguns pertences por aí e muito, mas muito lixo."

Ambos os terrenos estão repletos de entulhos e lixos, além de objetos abandonados, como colchões, copos e outros. Conforme aponta Tomazella, uma quantidade significativa de areia chegou a ser depositada na área, mas não foi utilizada, o que fez com que o material se espalhasse.

Um motorista de aplicativo que estava com o carro estacionado ao lado de um dos terrenos falou à reportagem do risco de desabamento de algumas casas. As residências contam, inclusive, com placas que alertam os visitantes sobre o perigo.

O taxista acrescentou que algumas casas foram demolidas, além de alguns muros, o que facilita a entrada de transeuntes no local. "Agora está tudo parado. Só sei que acaba trazendo transtorno para o pessoal daqui."

ACESSIBILIDADE

A principal proposta da secretaria municipal do Idoso é que o espaço ofereça acessibilidade. “Queremos que sejam casas geminadas para conseguir construir o maior número, já que existe uma escassez de moradia. A casa deverá ter sala, cozinha, banheiro, quarto, uma pequena área de serviço”, apontou Andrea Ramondini, secretária municipal do Idoso, à FOLHA em 2021.

Segundo o projeto inicial, devem ser construídas entre 40 e 50 residências, com 40 metros quadrados cada. O restante do terreno abrigará área de lazer, horta comunitária, espaço para caminhada e academia ao ar livre.

A estimativa da secretaria é de que até 80 pessoas idosas possam viver na vila. As residências, portanto, serão voltadas a pessoas a partir de 60 anos, em situação de vulnerabilidade e com renda máxima de dois salários mínimos.

O objetivo preliminar é buscar idosos que estejam na fila da Cohab-LD (Companhia de Habitação de Londrina) e a prioridade deve ser dos indivíduos que estão há mais tempo aguardando a casa própria. No caso da vila, as casas serão cedidas e não vendidas e o morador, enquanto estiver na residência, terá que arcar com as despesas de água e luz.

DÉCADA DE 1950

Os terrenos nos quais a vila para os idosos pertenciam, inicialmente, ao município de Londrina. Na década de 1950, foram doados à União e, com isso, usados como moradia por militares da FAB (Força Aérea Brasileira) que trabalhavam na cidade.

As áreas foram desativadas e não receberam mais destinação. Em 2021, o governo federal decidiu devolver a área ao município em troca do perdão de uma dívida de aproximadamente R$ 500 mil relacionada à capina e roçagem de um terreno do jardim Guararapes.

A expectativa é que, após o terreno voltar a fazer parte do patrimônio do município oficialmente e após o projeto estar pronto, a secretaria consiga captar recursos para a construção da vila. Uma das principais propostas é captar recursos junto a grandes empresas, que podem destinar parte do Imposto de Renda para o Fundo Municipal do Idoso.

(Colaborou Pedro Marconi)