Por toda Londrina, os agentes de endemias da SMS (Secretaria Municipal de Saúde) seguem percorrendo ruas e vistoriando os quintais em busca de focos do mosquito Aedes aegypti. Apesar de os números da dengue terem diminuído nos últimos meses na cidade, não significa que a doença foi eliminada. Muito pelo contrário. A Vigilância Epidemiológica voltou a monitorar com mais intensidade as áreas de abrangência dos jardins Itapoã, na zona sul, e Marabá, na zona leste, pela suspeita de novos casos em ambas localidades.

Imagem ilustrativa da imagem Vigilância de Londrina alerta para aumento dos casos de dengue

De acordo com levantamento da secretaria, do início do ano até a última quinta-feira (10), 31 pessoas já perderam a vida por conta da dengue no município e 48.588 notificações foram registradas, sendo 24.134 confirmadas e 5.944 descartadas. Outras 16.355 pessoas aguardam os resultados de exames.

Considerando o último boletim divulgado pela SMS, no dia 27 de agosto, houve um aumento de 123 notificações e 20 confirmações. “Muitas pessoas estão achando que a dengue desapareceu, mas pelo contrário. Ela continua acontecendo e estamos observando um aumento, inclusive em municípios próximos também como Cambé e Ibiporã”, comentou a diretora de Vigilância em Saúde, Sônia Fernandes.

ITAPOÃ

Sobre a razão de a doença ter “origem” no Itapoã e Marabá, Fernandes cita a característica própria dessas regiões como a influência da situação de renda das pessoas e o acúmulo de materiais nos quintais. A coordenadora da UBS Itapõa, Genile Ane Tavares, acrescenta ainda a baixa instrução de famílias em relação à prevenção e riscos da doença.

Ela observa que na UBS, ainda foram poucos os atendimentos relacionados à dengue nos últimos dias. “Foi um caso ou outro, mas também tem a questão de que muitas pessoas estão deixando de buscar os serviços em saúde, especialmente aqueles com doenças crônicas, para evitar sair de casa por conta do coronavírus”, comentou.

Fernandes reforça que a primeira epidemia (de dengue) foi quase "sufocada" pela pandemia do coronavírus porque muitas pessoas deixaram de procurar a unidade de saúde, mesmo com sintomas de dengue. Segundo ela, já se tem registros fora de Londrina, de pessoas que tiveram as duas doenças simultâneas.

“Algumas com boa evolução e outras nem tanto, mas o Aedes não transmite só a dengue, mas a zika e chikungunya também. Então, na verdade, o risco de esse ano é muito maior para toda a população. Embora a condição climática diga que vamos ter um período de menor chuva comparado com início do ano, os principais focos ficam nos quintais, em recipientes de animais e vasos de flor, ou seja, locais onde os focos se perpetuam independente do clima”, disse.

O monitoramento da Vigilância é realizado também no conjunto Panissa (zona oeste) e no jardim São Jorge (zona norte). “São localidades onde começam a aparecer os casos na sequência. Estamos vistoriando todos os imóveis”, disse.

SOROTIPO

Outra preocupação da Vigilância em Saúde do município é em relação aos sorotipos da dengue que circulam na cidade. Fernandes explica que na epidemia deste ano foram confirmados três sorotipos diferentes (1, 2 e 4), com predominância do tipo 2.

“Isso abre a possibilidade de termos uma nova epidemia ou pelo tipo 1 ou pelo tipo 4. Este último tem uma característica de ser um pouco mais grave porque quanto menor for o tempo entre duas infecções, mais grave tende a ser os sinais e sintomas. Quem teve dengue no início do ano e a pega novamente, a tendência é que o quadro seja mais grave”, destacou.

SINTOMAS

Os sintomas da dengue são: febre alta com início súbito; dor de cabeça e dor atrás dos olhos; manchas vermelhas no corpo; tonturas, náuseas e vômitos; dor no corpo, moleza e cansaço e dor nas articulações. Os sinais de gravidade incluem fortes dores abdominais, sangramento no nariz e gengiva e boca seca.

SERVIÇO: Qualquer pessoa pode fazer denúncia de imóveis ou áreas que contenham focos do mosquito, através do Disque-Dengue 0800-4001893. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.