Vigia é morto a tijoladas por vingança
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 14 de abril de 2000
Betânia Rodrigues e
Osmani Costa
De Londrina
O vigia noturno Rinaldo Lemes Gonçalves, de 27 anos, foi encontrado morto ontem, às 10h30, na pedreira desativada do Conjunto Cafezal 1 (zona sul). O corpo foi localizado pelo policial militar Antonio Ferreira Dias dentro do buraco de uma plataforma de concreto.
Segundo o delegado do 6º Distrito Policial, José Arnaldo Martins Peron, o vigia possuia um grave ferimento na cabeça, provavelmente agravado com a queda dentro do poço. Ao que tudo indica ele foi jogado de cabeça, chocando-se com as pedras que haviam lá.
O policial militar disse que descobriu o corpo enquanto passeava de motocicleta com o filho dentro da pedreira. A primeira pista foi um tijolo manchado de sangue, seguido por uma trilha de respingos e documentos pessoais. O poço onde Gonçalves foi jogado fica a cerca de 300 metros deste local e, por isso, o delegado e o perito criminal Luiz Clemente Viana Franco acreditam que o crime tenha sido praticado por mais de uma pessoa.
Por volta das 12 horas de ontem, os peritos do Instituto de Criminalística avaliavam o local sem fazer considerações. O Instituto Médico-Legal também apresentará o laudo da necropsia para auxiliar a investigação da polícia. O policial militar disse que não conhecia o vigia e que nos 17 anos que mora no bairro nunca soube de um caso semelhante.
De acordo com o delegado, Gonçalves era solteiro, morava e trabalhava no Conjunto Cafezal. O irmão dele disse que o viu pela última vez às 22h30 de quinta-feira e que ele não possuia inimigos.
No final da tarde, a polícia apresentou à imprensa, no 6º DP, quatro presos acusados de terem sido os autores do assassinato de Gonçalves. São os irmãos Cleder Henrique de Carvalho, 19 anos, e FHC, 17 anos; e os amigos deles André Vieira Lima, 18 anos, e outro conhecido pelo apelido Timbuca, ainda não identificado. Todos foram presos enquanto dormiam, em suas casas no Conjunto Cafezal 2 (zona sul). Nenhum opôs resistência à prisão.
Cleder Carvalho admitiu que brigou com a vítima quando os cinco fumavam maconha na pedreira onde o corpo foi encontrado. Ele tinha convidado a gente para fumar. De repente, me deu um tapa no rosto. Dei uma rasteira nele. Quando ele caiu, chutei a cabeça dele algumas vezes. Mas quando fui embora ele estava vivo, não sei quem o matou depois, disse Cleder, no 6º DP, com o braço algemado ao do irmão menor.
Segundo Cleder, que não estuda e está desempregado, ele não gostava de Rinaldo Gonçalves porque fora por ele denunciado injustamente de roubo a uma casa, há cerca de um ano. Naquela época, Cleder ficou preso pouco mais de um mês no 4º DP da cidade.