Vânia Moreira
De Umuarama
A Sociedade São Vicente de Paulo pretende ingressar na Justiça com pedido de reintegração de posse do Asilo São Vicente de Paulo de Umuarama. Segundo os vicentinos, a atual diretoria do asilo se recusa a seguir as normas da sociedade, criou uma entidade independente para administrar o asilo e não admite nenhuma interferência.
A intransigência da diretoria também estaria prejudicando trabalhos voluntários de atendimento aos idosos. A crise se agravou depois que o Conselho Municipal de Assistência Social negou ao asilo o atestado de funcionamento. O conselho exige que a entidade melhore as condições de higiene e o atendimento aos internos.
Segundo o presidente do Conselho Central de Umuarama da SSPV, a diretoria do asilo se apropriou do lar, um complexo de quase 5 mil metros quadrados construído em 3,5 hectares à margem da PR-323. A nova diretoria foi eleita em fevereiro de 99 sem obedecer o regulamento da SSPV.
Segundo Birello, o presidente e o vice-presidente têm de ser nomeados pelo Conselho Central e a diretoria homologada pelo Conselho Metropolitano, com sede em Curitiba. Em março, o novo presidente do asilo, Isaltino Buozzi, enviou carta ‘‘desvinculando’’ a entidade da sociedade beneficente. A diretoria criou um estatuto para o lar e passou a agir por conta própria.
Criado em 1972, o asilo abriga atualmente 158 idosos e deficientes mentais, mas já chegou a ter 300 internos de Umuarama e região. Por imposição da prefeitura, a direção do asilo parou de receber idosos da região. O Conselho Central da SSPV e o Conselho Municipal de Assistência Social criticam as condições de higiene e a forma de tratamento dos idosos no asilo, que estaria funcionando apenas como um ‘‘depósito de velhos’’. Além disso, a diretoria não prestaria contas e por isso, não estaria recebendo verbas públicas, com exceção de R$ 1,2 mil mensais da prefeitura.
À frente da entidade desde o início e presidente várias vezes, o atual coordenador Luiz Petinati é o alvo da maioria das reclamações. Ele afirma que o asilo pertence à comunidade de Umuarama e não aos vicentinos. ‘‘A entidade foi criada por um grupo que mais tarde se tornou vicentinos, mas isto não significa que a sociedade seja dona do asilo’’, diz. Segundo Petinati, a casa é mantida com doações da população e gasta entre R$ 20 mil e R$ 25 mil mensais. ‘‘Os vicentinos não contribuem com nada’’, diz.
Petinati diz que a entidade não recebe verbas porque este tipo de auxílio foi cortado para todos os asilos. ‘‘Não somos obrigados a prestar contas ao Estado ou ao município, a não ser de verbas específicas recebidas. Somos obrigados a prestar contas apenas à diretoria do asilo’’, argumenta.