Viaduto inacabado provoca reclamações em Cascavel
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quinta-feira, 30 de março de 2000
Paulo Pegoraro
De Cascavel
Um viaduto construído na BR-467, ligando bairros da zona norte de Cascavel, densamente povoados, ao centro da cidade, agora está sendo contestado pelas condições de uso por pedestres e ciclistas, e pela interdição de outros pontos de transposição da rodovia. Denominado Viaduto Brasmadeira, em alusão a um bairro próximo, ele deveria ser inaugurado hoje, mas a solenidade foi suspensa, porque o governador Jaime Lerner (PFL) alegou ter outro compromisso.
A obra custou R$ 400 mil para o município e o Estado participou com vigas de concreto. A estrada liga as BRs 277 e 369 num trevo em Cascavel, a Marechal Cândido Rondon. Quando foi implantada, há 25 anos, o trecho em Cascavel atravessava área pouco povoada. Nos últimos anos, com o crescimento populacional, aumentaram os acidentes fatais.
Mesmo inacabado, o viaduto foi liberado ao tráfego há 10 dias. Em um dos acessos já ocorreu a morte de um operário, atropelado no início da noite, supostamente por falta de iluminação. Ciclistas reclamam que não há uma pista exclusiva para eles e pedestres que as grades laterais de proteção são muito baixas, colocando em risco principalmente crianças. Além disto, vários pontos de acesso de bairros à rodovia foram fechados para forçar a transposição exclusivamente pelo viaduto, ou por um trevo distante 300 metros. Moradores ameaçaram ontem destruir as barreiras.
Segundo o secretário de Serviços Urbanos, engenheiro Fernando Dillemburg, foi pintada uma faixa de segurança para ciclistas e pedestres, e hoje estarão completadas as obras referentes à iluminação nos acessos. A ciclovia dependerá de autorização do DNER. Este tipo de via na faixa de rodovias não está previsto pelo Código de Trânsito Brasileiro, afirma Dillemburg. Segundo ele, foi consentido o uso do viaduto mesmo sem sua conclusão porque não tínhamos como evitar que a população usufrua de um benefício esperado por tanto tempo.
Fernando Dillemburg acrescentou que quem contesta deve buscar o diálogo ou recorrer aos meios legais. A preocupação com o assunto é tanta que a prefeitura encomendou uma pesquisa para ressaltar a importância da obra: segundo divulgado, entre 172 moradores ouvidos na área, 97% acharam importantíssima a obra, e apenas 3% se disseram insatisfeitos.