O anúncio da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) sobre o repasse de R$ 14 milhões como contribuição de socorro aos prestadores de serviço SUS (Sistema Único de Saúde) em Londrina – incluindo instituições privadas e filantrópicas – deve trazer alívio neste início de ano às contas das entidades, no entanto, está de longe de cobrir o déficit do sistema. O projeto prevendo o envio do dinheiro em parcela única para associações de todo o Paraná foi aprovado na Assembleia Legislativa.

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O recurso destinado à segunda maior cidade do Estado já está na conta do Fundo Municipal da Saúde e a expectativa é de que seja enviado para as entidades ainda em janeiro. “Estamos adotando as medidas jurídicas, que é por meio de termo de aditivo desses prestadores, para fazer o repasse, com os valores e as instituições que vão receber definidas pela Sesa”, explicou o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado.

Entre os critérios adotados estão a produção junto ao SUS do mês de janeiro a junho do ano passado, com média de valores, e a partir das especificidades das instituições, como habilitações para determinados serviços. Em Londrina, os hospitais Evangélico, Santa Casa e do Câncer terão o benefício, além de clínicas psiquiátricas e associações que atendem pessoas com deficiência.

A Santa Casa deverá receber R$ 3,2 milhões, o que corresponde, em média, a um faturamento mensal do SUS na instituição. São recursos atendem tanto a instituição, quanto o Hospital Infantil, que fazem parte do mesmo grupo. "Tudo o que vem de apoio ajuda muito porque a pandemia causou um impacto de R$ 50 milhões em dois anos. Esse dinheiro vai ajudar na reorganização interna de serviços, principalmente a pediatria e a ortopedia. Além disso, a Santa Casa está ampliando e adequando toda a estrutura física e tecnológica para ampliar atendimento aos convênios e aliviar o déficit do SUS", pontuou Fahd Haddad, superintendente da Irmandade Santa Casa de Londrina.

Superintendente do Evangélico, Eduardo Otoni avaliou que a verba é o reconhecimento do Estado sobre os problemas enfrentados pelos hospitais. “Depois da pandemia de Covid-19 houve um aumento absurdo no índice de inflação na área da saúde, os pacientes estão chegando mais graves e os tratamentos custando mais caro. Esse recurso é para cobrir o déficit passado, que, inclusive, tivemos que buscar recursos para cumprir os compromissos de final de ano. É importante, mas longe de ser suficiente.”

O hospital deverá receber R$ 1,7 milhão, quantia que é abaixo do rombo de R$ 2 milhões que a entidade acumula mensalmente com os serviços SUS. Aproximadamente 65% dos atendimentos da entidade são pelo Sistema Único de Saúde. “Atendemos convênio, que tem margem de resultado melhor e parte deste recurso é transferido para poder suportar o público. Outro lado que sustenta a operação é o plano de saúde Hospitalar”, explicou.

TABELA DESATUALIZADA

A situação reacende o debate sobre a necessidade de incremento da tabela SUS, que há 14 anos não tem atualização no Paraná e já não sustenta mais o serviço. De acordo com Otoni, o Evangélico está há cinco anos sem correções no contrato que mantém com o município.

“Há algum tempo estava dificultando a manutenção da maternidade no Evangélico, que tem um déficit de R$ 250 mil por mês no SUS. Hoje está difícil manter as portas abertas dos hospitais. É preciso uma solução definitiva, com reajuste no contrato”, destacou o superintendente do Evangélico, que faz parte da diretoria da Fenipa (Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná) e da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas.

"Atualizar os valores pagos pelo SUS é vital para os hospitais filantrópicos. Há um compromisso de campanha do governo federal de fazer isso, mas não se sabe como nem quando. A situação financeira dos filantrópicos já estava muito difícil mesmo antes da pandemia que veio para complicar ainda mais. O subfinanciamento dos procedimentos é um problema crônico do SUS", alertou Haddad. A Santa Casa atende, em média, 77% de pacientes via Sistema Único de Saúde.

EMERGENCIAL

Felipe Machado afirmou que o dinheiro a ser direcionado para os hospitais deve solucionar questões pontuais, como a maternidade do Evangélico e a ortopedia de alta complexidade e pediatria da Santa Casa. “Essa foi a forma que o Estado achou de contemplar situações emergenciais, que não devem acontecer somente em Londrina, pois, sabemos das dificuldades financeiros dos serviços que atendem SUS”, ponderou.

sem resposta

A reportagem não conseguiu contato com representantes do hospital do Câncer. A FOLHA também procurou a Sesa, em mais de uma oportunidade, porém, não obteve qualquer tipo de retorno em relação às instituições beneficiadas e a divisão do recurso.

(Atualizada)

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