Há pouco mais de quatro anos, a estudante Angelina Bracho, 16, deixou a Venezuela com seus pais e três irmãos para sair da crise humanitária, social e política que atravessava o país, o que persiste até hoje. Ficou três anos na Colômbia e desde dezembro de 2019 vive em Londrina. Em todo esse tempo, o sonho e a esperança a moveram e continuam fazendo parte da vida da adolescente, que foi contemplada num programa oferecido pelo Immerse Education, entidade especializada em enriquecer o currículo acadêmico de pessoas entre 11 e 18 anos por meio de intercâmbios.

Inscrita em um concurso de redação mundial, ganhou a oportunidade de estudar, por duas semanas, nas universidades de Oxford e Cambridge, na Inglaterra, recebendo cursos e capacitações. As instituições estão entre as mais renomadas do mundo. “Mesmo com a bolsa é muito dinheiro”, aponta. A bolsa conquistada é de 20% e, agora, a jovem busca doações para conseguir juntar o valor necessário. Uma arrecadação on-line foi lançada e a meta é somar R$ 42 mil, valor que será destinado para aquisição de passagens áreas, pagamento do percentual do curso que não é coberto, visto inglês e alimentação.

No entanto, cerca de R$ 30 mil precisam ser depositados até cinco de março para que não perder a bolsa internacional. “Meus pais estão desempregados e, mesmo se estivessem com trabalho, a quantidade de dinheiro é expressiva. O programa vai ser em agosto, mas preciso confirmar a vaga. Serão duas semanas com aulas. É um sonho. Nunca na minha vida imaginei que poderia ter esta chance. A parte econômica já destruiu muitos dos meus sonhos”, lamenta. Sozinha, ela aprendeu quatro línguas diferentes - inglês, espanhol, português e francês, e agora tem se dedicada a compreender o italiano e o alemão.

AÇÃO

Aluna do terceiro ano do ensino médio no Colégio Estadual Antônio de Moraes Barros, na zona oeste, Angelina Bracho conquistou o benefício após ter a redação selecionada entre milhares recebidas pela entidade organizadora. A redação desenvolvida foi com base na proposta de história, que trazia uma pergunta a ser respondida no texto: “como o passado pode nos ensinar sobre a pandemia de coronavírus.” Foram dois meses de reflexões e pesquisa até redigir e encaminhar a redação. O anúncio da seleção foi no final de janeiro.

“Fiz uma reflexão sobre o holocausto, a experiência migratória da minha família e a pandemia. Escrevi pensando em três fatores: positivismo, serviço e ação. Os exemplos das pessoas que viveram o holocausto mostram que tiveram resistência, buscaram ser positivos em meio a tantas dificuldades e ainda ajudaram uns aos outros. Na pandemia muitas pessoas não se sentem bem, mesmo assim podem agir e quando isso começa obtém mudanças na vida e assim colaboram com as pessoas que precisam neste momento”, explicou.

DIFICULDADE

Para a família da adolescente, os sentimentos de alegria e orgulho se misturam ao de tristeza, pela falta de recursos. “Agradeço a Deus por ter uma filha igual a ela. Uma menina que cresceu trabalhando com metas, dedicação. Mas também fico triste porque não tenho condições de ajudá-la. É muito difícil para um pai e estou sofrendo por isso”, apontou Avelino Bracho. Desemprego, tem vendido alimentos para se manter. A esposa, que é médica, ainda não teve o diploma revalidado e está impedida de exercer a profissão. A igreja tem ajudado.

OTIMISMO

Mesmo diante das adversidades, Avelina mostra otimismo e diz não perder a aplicação aos estudos e o desejo de trilhar grandes caminhos. “Na Venezuela fazia o meu melhor para tirar boas notas no colégio. Minha família sempre foi exemplo. Muitas vezes as pessoas acham que o fato de não ter muito dinheiro pode impedir de fazer muitas atividades, pensam que isso é impedimento para poder lograr êxitos. Mas não é.”

Serviço - A arredação está acontecendo no site vakinha.com.br/vaquinha/ajude-angelina-a-estudar-em-oxford. Mais informações por meio do (43) 99818-5107.