Vendas fracas frustram ambulantes no câmpus
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2000
Vendas fracas frustram
ambulantes no câmpus
Josoé de CarvalhoLuiz Navarro: otimistaEles mesmos não arriscam dizer o motivo, mas na opinião de camelôs, ambulantes, barraqueiros e outros tipos de negociantes que ocuparam um espaço no shopping center a céu aberto em que foi transformado o maior estacionamento do câmpus da UEL, as vendas do primeiro dia do Vestibular de Verão 2000 foram fracas.
As teses para as vacas magras eram as mais diversas. A crise está geral, ninguém tem dinheiro, disse um ambulante que vendia garrafas de água mineral, guardadas em um discreto isopor a tiracolo. Sem autorização para trabalhar e temendo represálias da universidade para os próximos dias, ele não se deixou fotografar e nem se identificou.
Sueli Terasso é veterana em vestibular. Vários concursos depois de ter a idéia de vender bijouterias nos concursos e atender a demanda dos pós-adolescentes ávidos pelos novos modelos de badulaques, Sueli arrisca uma causa psicológica para a indiferença de seus possíveis clientes. No primeiro dia, eles estão tensos e não olham nem de lado. A partir do segundo dia, eles relaxam e a coisa melhora, explica.
Um dos mais descontentes com o pouco consumo dos vestibulandos no câmpus era o garoto Júlio César Guimarães da Silva, de 13 anos, morador do Conjunto Novo Bandeirantes (zona oeste). Das 14 às 18 horas, ele percorreu, junto com o outras crianças, os quatro cantos da UEL em busca de latas de refrigerante vazias para revender a recicladoras. Depois de quatro horas de trabalho, que atravessou sol inclemente e pancada de chuva forte, Júlio contabilizou pouco mais de uma centena de latas. É pouco demais. Já teve ano que recolhi 500, disse.
O único animado entre tantos vendedores era Luiz Antônio Navarro, 38 anos. Recém-franqueado de uma loja portátil que resfria instantaneamente água de coco (depois vendida em copos), Navarro gostou de sua estréia no negócio. Para mim foi bom, resume o comerciante, que espera vender a água de 2 mil cocos até quarta-feira. Para os mais endinheirados, a opção era uma Van que já passou pelo litoral paranaense e ontem vendia telefones celulares. Até o final da tarde, apenas duas unidades foram comercializadas. (L.F.M.)

