Vendas fracas frustram
ambulantes no câmpus
Josoé de CarvalhoLuiz Navarro: otimistaEles mesmos não arriscam dizer o motivo, mas na opinião de camelôs, ambulantes, barraqueiros e outros tipos de negociantes que ocuparam um espaço no shopping center a céu aberto em que foi transformado o maior estacionamento do câmpus da UEL, as vendas do primeiro dia do Vestibular de Verão 2000 foram fracas.
As teses para as ‘‘vacas magras’’ eram as mais diversas. ‘‘A crise está geral, ninguém tem dinheiro’’, disse um ambulante que vendia garrafas de água mineral, guardadas em um discreto isopor a tiracolo. Sem autorização para trabalhar e temendo represálias da universidade para os próximos dias, ele não se deixou fotografar e nem se identificou.
Sueli Terasso é veterana em vestibular. Vários concursos depois de ter a idéia de vender bijouterias nos concursos e atender a demanda dos pós-adolescentes ávidos pelos novos modelos de ‘badulaques’, Sueli arrisca uma causa psicológica para a indiferença de seus possíveis clientes. ‘‘No primeiro dia, eles estão tensos e não olham nem de lado. A partir do segundo dia, eles relaxam e a coisa melhora’’, explica.
Um dos mais descontentes com o pouco consumo dos vestibulandos no câmpus era o garoto Júlio César Guimarães da Silva, de 13 anos, morador do Conjunto Novo Bandeirantes (zona oeste). Das 14 às 18 horas, ele percorreu, junto com o outras crianças, os quatro cantos da UEL em busca de latas de refrigerante vazias para revender a recicladoras. Depois de quatro horas de trabalho, que atravessou sol inclemente e pancada de chuva forte, Júlio contabilizou pouco mais de uma centena de latas. ‘‘É pouco demais. Já teve ano que recolhi 500’’, disse.
O único animado entre tantos vendedores era Luiz Antônio Navarro, 38 anos. Recém-franqueado de uma loja portátil que resfria instantaneamente água de coco (depois vendida em copos), Navarro gostou de sua estréia no negócio. ‘‘Para mim foi bom’’, resume o comerciante, que espera vender a água de 2 mil cocos até quarta-feira. Para os mais ‘‘endinheirados’’, a opção era uma Van que já passou pelo litoral paranaense e ontem vendia telefones celulares. Até o final da tarde, apenas duas unidades foram comercializadas. (L.F.M.)

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