Na condição de precursor da Companhia de Terras Norte do Paraná, o alemão Carlos João Strass fundou o Heimtal em 1929. Já em 26 de julho de 1931 inaugurava-se, ali, o primeiro estabelecimento de ensino na área da colonização, a ''Escola Alemã''. Olga Schwertel e Carlos casaram-se em 1932 e tiveram quatro filhos: Carlos, Reinhold, Edith e Jorge (os dois últimos já morreram).
Observa-se que na segunda metade da década de 1930 a população do Heimtal já se compunha de varias nacionalidades, mas inicialmente a área fora reservada para imigrantes alemães e teuto-russos (de origem russa e alemã). E Heimtal é o nome da aldeia na Rússia onde nascera o barão Arnold von Drachenfelds, corretor da Companhia de Terras que morreu em 1932. Segundo depoimentos, Heimtal significa ''casa no vale'' e numa versão livre e ampliada, Vale dos Alemães. ''Aqui eram 120 famílias falando em alemão'', disse o pioneiro Johannes Schilling ao Inventário e Proteção do Acervo Cultural (Ipac/Londrina). Atribui-se a presença acentuada de alemães na Rússia ao reinado de Catarina II, a Grande, que era alemã de Stettin e num golpe contra o próprio marido, Pedro III, assumiu o poder em 1762. Ela expandiu o território russo. Morreu em 1796.
Dona Olga Strass (1912-2004), que nasceu na Ucrânia, era de uma família alemã (Schwertel) que emigrara para a Rússia, de onde fugiu em 1918 por causa da revolução comunista. Natural de Riesburg, no sul da Alemanha, onde a família se dedicava à agricultura, produzia cerveja e tinha uma hospedaria, Carlos Strass (1900-1982) chegou ao Brasil em janeiro de 1924 e dois anos depois já trabalhava no Estado de São Paulo com os ingleses da Companhia de Terras, que o designaram, inicialmente, para levantamentos no noroeste paranaense. Tornou-se corretor da empresa e adquiriu para si 15 alqueires no Heimtal, onde abriu a primeira venda num rancho.
No período da Segunda Guerra Mundial, posto sob suspeita de integrar um grupo nazista em Rolândia, Strass permaneceu preso cinco meses. Rompidas pelo Brasil as relações diplomáticos e comerciais com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em janeiro de 1942, e declarado o estado de guerra em 31 de agosto, manifestações nazistas seriam intoleráveis; o padre José Herions e o pastor luterano Hans Zischler foram presos em Rolândia, após terem lido nas igrejas, em alemão, mensagem do cônsul em Curitiba conclamando os jovens a se apresentar voluntariamente para lutar ao lado de Hitler.
No caso de Strass, a suspeita era infundada, segundo a versão da família. Uma bandeira da Alemanha, que dona Olga ia jogar fora foi guardada por uma vizinha. Alvo de busca policial, a vizinha declarou que se tratava de objeto dos Strass. (W.S.)