Em setembro de 2010, o HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) realizava o primeiro transplante de medula óssea autólogo em uma unidade descentralizada da capital do Estado e de Cascavel, na região oeste. Foi o primeiro grande passo da Unidade de TMO (Transplante de Medula Óssea) Autólogo, que no último dia 13 completou uma década de serviço para mais de 3,5 milhões de habitantes. Essa é maior comemoração segundo a médica responsável técnica Letícia Navarro Gordan Ferreira Martins.

Unidade, composta por uma equipe multiprofissional,  foi inaugurada oficialmente em dezembro de 2009, mas o primeiro transplante aconteceu meses depois
Unidade, composta por uma equipe multiprofissional, foi inaugurada oficialmente em dezembro de 2009, mas o primeiro transplante aconteceu meses depois | Foto: Divulgação - HU

“A gente não atende só Londrina, mas toda a macrorregião Norte e Noroeste. Antes da nossa inauguração só existia o serviço em Curitiba e em Cascavel e aí está a importância da descentralização. Muitos pacientes perdiam o tempo do transplante por terem que se deslocar para essas regiões”, comenta.

Martins cita que a maior parte dos pacientes (67%) é de outros municípios e explica que a demanda na unidade é, em média, de 20 a 30 transplante a cada ano. “A fila do transplante é muito dinâmica. A prioridade são os pacientes jovens, com doença curável”, afirma. Em todos esses anos de atividade, a faixa etária dos transplantados na unidade variou entre 15 e 71 anos, sendo a maioria acima de 50 anos.

Ao longo de 10 anos, a Unidade de TMO/HU Londrina/UEL realizou 188 transplantes, com taxa de mortalidade de 2,1%, e cadastrou 24.806 possíveis doadores de medula óssea no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). A equipe formada por multiprofissionais foi responsável também por realizar mais de sete mil atendimentos ambulatoriais e coletar 283 leucoaféreses (coleta de células-tronco hematopoiéticas periféricas).

O Transplante de Medula Óssea Autólogo é uma modalidade de autotransplante. Isso quer dizer que as células precursoras da medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado. Após a coleta, o material é congelamento (processo de criopreservação) em uma unidade específica do Hemocentro Regional de Londrina. Em média, o tempo entre a coleta e o transplante (que é feito através de uma transfusão de sangue), é de um a dois meses.

INDICAÇÃO

“A indicação do tipo transplante depende da doença de base, ou seja, é a doença que determina se o transplante será autólogo ou alogênico (de uma pessoa para outra)”, detalha. As principais doenças com indicação de TMO autólogo são mieloma múltiplo (55,3%), seguido de linfoma (39,9%) e outras doenças como leucemia, tumor de células germinativas e neuroblastoma (4,8%).

Aproximadamente de 20% a 30% dos pacientes com essas doenças e com indicação de TMO são elegíveis para este transplante. Geralmente, o tempo de espera na unidade do HU/UEL é de dois a três meses e a prioridade é para pacientes que podem ser curados com o transplante, como nos casos de linfoma e leucemia.

“Além disso, consideramos algumas especificidades dos pacientes conforme a doença de base e também há critérios clínicos, psicológico e social”, afirma a médica, ressaltando que a equipe tem autonomia no gerenciamento dos transplantes de acordo com uma tabela de prioridades e que todos os procedimentos são notificados no sistema estadual de transplantes.

Ainda de acordo com a especialista, nessa modalidade de transplante não há rejeição. Nos pacientes com linfoma, a chance de cura com o procedimento é entre 40% a 60% e naqueles com mieloma, ela explica que não há cura, “mas a pessoa pode ficar até 10 anos sem a doença ou tratamento. Há um aumento na sobrevida”.

Oficialmente, a Unidade de TMO/HU Londrina/UEL foi inaugurada em dezembro de 2009, mas o primeiro transplante aconteceu oito meses depois. “Esse tempo foi necessário para ajustarmos todos os trâmites de credenciamento nas esferas municipal, estadual e federal”, responde.