Pela manhã, cerca de 170 estudantes da EM Professora Cláudia Rizzi tiveram que estudar no escuro
Pela manhã, cerca de 170 estudantes da EM Professora Cláudia Rizzi tiveram que estudar no escuro | Foto: Gina Mardones

Londrina conta com cerca de 120 unidades na rede municipal de ensino, entre escolas e CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), e em 2018 os prédios foram invadidos 58 vezes. Somente em 2019 são 15 registros até a segunda quinzena de março, o que totaliza uma escola invadida a cada cinco dias.

Segundo a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, a maioria dos casos acontece aos fins de semana e no período noturno. “Temos situações em que pessoas entraram na escola somente para quebrar uma torneira ou danificar a fechadura e porta das salas. Isso é prejuízo para todos, principalmente para as crianças”, apontou. A pasta conta com equipe de manutenção e mantém contrato com empresa terceirizada, que é acionada para promover os reparos mais trabalhosos.

Além da promessa de uma fiscalização mais efetiva do novo comando da Guarda Municipal, a secretária aposta no trabalho junto à comunidade para promover maior conscientização. “Queremos que as pessoas se atentem para a gravidade dos atos de vandalismo e isso vai ocorrer a partir do momento que estão inseridas no ambiente escolar. Temos escolas com hortas comunitárias em que as pessoas ajudam. Vamos lançar nos próximos meses projeto no mesmo sentido de aproximar as famílias”, projetou.

SEM LUZ

O furto de cabos no fim de semana prejudicou os 380 alunos do fundamental 1, na segunda-feira (18), na escola municipal Professora Cláudia Rizzi, no jardim Parati (zona norte). Pela manhã, cerca de 170 estudantes tiveram que estudar no escuro. Mesmo com janelas nas salas de aulas, as cortinas são mantidas fechadas para que os alunos possam acompanhar o conteúdo do quadro.

“As cortinas têm que ficar assim por causa do reflexo no quadro. Além deles não enxergarem nada no quadro, ainda ficam com o sol no rosto, o que prejudica ainda mais a aula”, conta a professora do 5°ano, Keila Venina dos Santos “É complicado porque atrasa todo nosso planejamento de aula. Hoje, por exemplo, todos usariam tablets no projeto de matemática, mas vamos ter que substituir a atividade”, desabafa.

“Anda não temos previsão de retorno. Quando tivemos uma ocorrência semelhante no ano passado, levou três dias para normalizar”, lembra a diretora Rosinéia Maria Marques, destacando que, apesar do ocorrido, as aulas não foram suspensas.

FREEZER

A falta de energia foi percebida por funcionários que chegaram para trabalhar por volta das 7h. "Fomos checar o poste e vimos que os cabos foram furtados. É um prejuízo para todos, pois uma escola não funciona sem energia. Estamos sem telefone, computadores e internet. Os alunos estão sem luz nas salas de aula, sem ventilador e sem água gelada”, lamenta a diretora.

No freezer da cozinha, onde são mantidos os alimentos perecíveis da merenda, as carnes ainda estavam congeladas e foram levadas para a escola Sônia Parreira Debei, no Residencial do Café. Mas houve perda de outros alimentos. “Nunca vem requeijão e agora que estávamos com alguns potes, vamos ter que jogar fora.”

Ao saber do ocorrido, Milayne Angélica da Silva, mãe de um aluno do 2°ano, ficou preocupada com o desempenho do filho nas aulas. “Ele usa óculos porque já tem uma dificuldade para enxergar e agora imagina sem luz. Essa situação só prejudica o aprendizado dos alunos. É um absurdo porque não é a primeira vez que isso acontece”, comenta.

SEGURANÇA

Silva e a direção da escola sugerem um reforço no patrulhamento da Guarda Municipal ou a presença de um segurança fixo à noite e nos fins de semana. “Já falei com a Guarda (municipal) várias vezes, mas eles não têm viaturas suficientes para dar conta de todo a cidade”, declara Marques.

O secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, diz que “é humanamente impossível, em uma cidade com mais de 500 estabelecimentos públicos, fora os logradouros, manter um guarda municipal fixo em cada local”. Ele assumiu a pasta em 11 de março e, na ocasião, foram apresentados alguns números, como o total de 346 homens ativos e nove carros. Para atender uma demanda aproximada de 500 prédios públicos, seria necessário um efetivo de dois mil agentes.

Ramos destaca o andamento de dois planos de segurança de instalações. “Os agentes da GM estão indo aos locais e construindo esse plano junto com a própria direção dos estabelecimentos porque muitas vezes tem um portão dos fundos ou janelas que ficam abertos e podem facilitar a ação dos marginais. Outra questão é identificar qual é a necessidade de cada ambiente, isto é, se demanda um alarme ou câmera de segurança, entre outros”, detalha.

Durante a cerimônia de posse de Ramos, o prefeito Marcelo Belinati assinou um decreto destinando R$ 1 milhão para a compra de equipamentos para a Guarda Municipal. “No segundo projeto, estamos licitando a contratação de uma empresa especializada para avaliar os 55 pontos eleitos na cidade como os de maior vulnerabilidade.”, diz o secretário.

De acordo com Ramos, a ideia é indicar as melhores soluções para cada localidade. “Em seguida, vamos licitar a aquisição dos equipamentos. Para utilizar esse montante (R$ 1 milhão) da melhor maneira possível, precisamos desse diagnóstico”, afirma.