Ex-alunos se reuniram na instituição, que é referência na zona leste de Londrina
Ex-alunos se reuniram na instituição, que é referência na zona leste de Londrina | Foto: Fotos: Saulo Ohara



No jardim Interlagos (zona leste de Londrina), quase todo mundo tem uma história que aconteceu no pátio ou nas salas de aula da escola municipal José Garcia Villar. Inaugurado quando o bairro ainda era feito de ruas de terra e a vizinhança tinha muitos cafezais, o colégio completa 50 anos com muitas atividades planejadas pela direção. "A escola é uma referência na região. A comunidade é bastante participativa e por isso queremos comemorar os 50 anos com as famílias", afirmou a diretora Denise Lopes Barbosa.

Desde o início do ano, alunos e professores estão envolvidos em uma gincana que vai culminar em uma grande festa para anúncio dos vencedores no dia 27 de outubro. Descobrir a trajetória do patrono José Garcia Villar e a história da escola é um dos desafios da competição. De acordo com a diretora, não faltou gente para contar "casos" vividos na instituição de ensino. "Muitas pais mandaram relatos do tempo em que estudaram aqui. As crianças estão adorando", afirma.

É o caso da dona de casa Edevânia Camilo Solorsânio, 48, tia de uma aluna. Quando foi matriculada na José Garcia Villar em 1978, nunca tinha tido contato com letras ou alfabetização. "Entrei sem saber nada e fiquei logo encantada. Nossa professora Alba contava histórias, incentivava a gente a encenar... Foi uma grande referência na minha vida", recorda.

Na época, o Interlagos era um bairro deserto rodeado por cafezais. "As ruas eram de terra e, quando chovia, os pais tinham que carregar os filhos no colo para não sujar o sapato", relata ela, que teve um momento inesquecível na época quando escreveu uma redação sobre o melhor amigo e a professora colou no mural. "Fiquei orgulhosa porque ela disse que tinha sido a mais bonita", emociona-se. A ex-aluna aprendeu muita coisa na escola básica, mas elegeu o interesse em aprender como a principal habilidade desenvolvida. "Meus pais não tinham estudo e diziam para aproveitar a oportunidade. A primeira escola foi minha base", diz.

A escola José Garcia Villar era um refúgio para onde o analista de sistemas Wilson Rosário, 45, podia fugir quando o pai exagerava nas exigências com os filhos. "Ele era rígido e obrigava a gente a trabalhar desde cedo. Tínhamos que cortar capim para as ovelhas antes da aula e também tirar leite da vaca. A única folga era a hora da escola, por isso eu gostava muito quando tinha muita tarefa", diz ele, que orgulha-se ainda hoje do caderno caprichado. "Eu gostava muito de estudar. A escola era um alívio", conta.

Os ensinamentos aprendidos na época norteiam até hoje a vida de Rosário, que empreendeu em um negócio próprio na área de TI (tecnologia da informação) e nunca deixou de estudar para se manter atualizado na profissão. "Se não tivesse aprendido a estudar, nunca teria chegado onde cheguei", agradece.

UNIÃO
Nos anos 1980, o empresário Wellington dos Santos Rosário, 38, e a mulher, a secretária Ana Paula Biazi Rosário, 36, estudaram na José Garcia Villar em séries diferentes. Não lembram de terem se conhecido na época, mas sempre moraram no Interlagos, se encontraram já mais velhos, casaram e tiverem dois filhos, Thaylor, 7, e Bryan, 6, que também estudam no local. "Não tivemos dúvidas na hora de escolher a escola para eles", garantem. Das melhores lembranças da época, Ana recorda dos desfiles em cima das mesas, do teatro e das cantigas de roda. Wellington ainda lembra com alegria da horta que as crianças fizeram no pátio e dos campeonatos de beisebol e bola queimada.

A vendedora Angela Maiolli, 37, era da mesma turma de Wellington e aproveitou o encontro de ex-alunos durante a reportagem para contar ao antigo colega que a turma – muito unida na infância continua conversando em um grupo de whatsapp. Os dois lembram com carinho da antiga professora Ana Lúcia, que vinha de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) para ensinar e fazia uma caminhada desde a rodoviária para chegar ao colégio. "Ela era incrível, se preocupava com a gente e até almoçava na casa dos alunos", conta Maiolli, que hoje sente-se satisfeita ao acompanhar os filhos Fábio, 10, e Fabrício, 8, na mesma escola.

"A professora Ana Lúcia nos ensinou o valor da amizade. Tenho grandes amigos com quem convivo até hoje que conheci na época do José Garcia Villar", relata ela, que é tesoureira da APM (Associação de Pais e Mestres).

O administrador Fabiano Teles Clemente, 36, também era da turma unida da professora Ana Lúcia e recorda com carinho do tempo em que ultrapassava a linha do trem com uma turma de amigos para frequentar as aulas no José Garcia Villar. "A escola era rígida, mas os alunos eram tratados com muito carinho. Foi minha primeira formação."

ORGULHO
Mãe de João, 10, Isabela, 19, e Mariana, 13, a dona de casa Érica Cristina de Souza é uma ex-aluna que orgulha-se de ter passado pelo José Garcia Villar. O filho mais novo estuda na escola e a mais velha iniciou a vida escolar no mesmo local. "Moramos na zona norte por um tempo e só a Mariana não estudou aqui", conta ela, que tem lembranças do Jardim Interlagos ainda pequeno e a escola isolada entre as ruas do local. "Aprendi aqui a importância dos estudos e passo isso para minhas crianças. Isabela já está na faculdade de Letras e me sinto muito orgulhosa. A base de tudo começou na José Garcia Villar", diz.

A técnica de enfermagem Bárbara Mariane Ferreira, 28, estudou no José Garcia Villar na década de 1990 e não hesitou ao escolher o mesmo lugar para matricular o filho Gabriel, 6. "Eu amava a escola e sempre dizia que meus filhos também estudariam aqui", contou.

Quando foi matriculada no José Garcia Villar no início da década de 90, Míriam Rafaela Pereira, 35, ficou maravilhada. "Vim de uma cidade pequena e achei a escola muito legal", destaca ela, que continua morando no bairro e hoje a acompanha a trajetória da filha Mariana, 10, na mesma instituição de ensino.