Pé de abacate, amora, jabuticaba, romã, acerola, goiaba, limão, caju, manga e araçá. Quem passa pelo terreno localizado na rua Eurico Humming, na Gleba Palhano, zona sul de Londrina, encontra uma variedade de árvores frutíferas em crescimento, formando um verdadeiro pomar. A área de aproximadamente cinco mil metros quadrados foi doada pelo proprietário à Prefeitura Municipal cerca de dez anos atrás. Desde então, sempre esteve ocioso, porém, não abandonado. Isso porque os os moradores que integram a Associação Alto da Palhano vêm doando tempo e recursos próprios para a manutenção do gramado, plantio de árvores, instalação de lixeiras e construção de calçada e muros.

Imagem ilustrativa da imagem Um pomar em crescimento na Gleba Palhano
| Foto: Roberto Custódio

Alessandra Resquetti, presidente da associação, que representa os moradores de 11 condomínios do entorno, espera poder transformar o terreno em uma praça com espaço pet. O local já é utilizado pela população, inclusive para passeios com os animais de estimação. Ao longo do terreno também foi construída uma passagem para que moradores pudessem ter um acesso mais rápido à rua Aurora Sathler Rosa.

Entre os moradores que já "adotaram" o espaço está o bancário aposentado Orlando Gomes Palazzi, que já plantou mais de 20 árvores frutíferas no terreno. “Penso que futuramente toda a população vai poder aproveitar da sombra e dos frutos dessas árvores”, conta o jardineiro voluntário, que diariamente faz a poda e a rega das mudas. Recentemente, Palazzi colocou placas para identificar as espécies, com a ajuda do produtor rural Walmir de Menezes Caldas, que também tem se dedicado ao plantio e manutenção do terreno.

HÁ DOIS ANOS

O cuidado dos moradores com o espaço público começaram, de forma mais intensa, há cerca de dois anos. “O muro e as calçadas nos dois lados foram feitos em parceria com uma construtora local. Queremos que a Prefeitura conceda a adoção deste espaço porque idealizamos um local de lazer, a exemplo do que acontece nas praças Pé Vermelho e Pioneiros”, diz a presidente da associação.

As duas praças citadas por Resquetti contam com dois funcionários responsáveis pela limpeza e manutenções em geral, e um jardineiro que presta serviços a cada 15 dias. “Cada prédio paga uma taxa de manutenção, incluindo os serviços que temos realizado neste terreno”, afirma. As despesas das duas praças somam aproximadamente R$ 9 mil.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

PEDIDOS OFICIAIS

O desejo manifestado pela associação em transformar o terreno público em praça não é recente. Segundo Resquetti, o primeiro pedido protocolado na Prefeitura Municipal foi em 2017. “Desde então já fizemos outros dois pedidos oficiais, mas não conseguimos avançar. O último retorno que tivemos é que a possibilidade de ser construída uma praça aqui estaria descartada. Mas esse espaço já vem sendo muito bem cuidado. No primeiro pedido que formalizamos, a concessão foi dada como certa”, ressalta.

O advogado Antônio Carlos Conceição, que passeia todos os dias com o cachorro pela região, apoia a ideia da praça. “Quanto mais áreas verdes para as crianças brincarem e para todos descansarem, melhor. O que eu acho é que em Londrina faltam praças bem cuidadas. Essa ideia da população em adotar esse espaço público pode dar certo porque é uma região onde as famílias têm um poder aquisitivo que permite cuidar e manter a estrutura”, comenta.

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| Foto: Divulgação/Associação Alto da Palhano

'ÁREA ADOTÁVEL'

Procurada pela reportagem, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) esclareceu que o terreno "pertence ao município e cabe à gestão municipal definir qual será o destino da área”. Segundo o órgão, o protocolo feito em 2017 foi reenviado ao Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina), justamente por não ter competência de avaliação sobre o assunto.

O diretor de Projetos do Ippul, Robson Shimizu, comenta que o projeto está listado no site do Instituto como praça Saulo Correira Ribeiro e que o terreno possui escritura em nome da prefeitura, estando elegível como área adotável.

Segundo ele, o projeto de praça deve passar por algumas atualizações já que ele foi constituído em 2014. No planejamento inicial, por exemplo, o terreno é localizado entre duas vias, a rua Aurora Sathler Rosa e a rua Anesia Silva. Esta última foi substituída por outra denominação, a rua Eurico Humming.

"Existe um histórico de contratempos e inconformidades nos processos relacionados ao caso. Para o andamento, é possível agendar uma reunião para esclarecer as recomendações apontadas pela CMTU. O Ippul está a disposição e aberto para projetos que tenham como objetivo o bem estar e o desenvolvimento da população", diz.

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