Um das entidades mais antigas e importantes da história de Londrina, a União Londrinense de Estudantes Secundaristas (ULES) comemora no dia 18 de maio 50 anos de fundação. Criada pelos filhos dos pioneiros da cidade, ela tem uma tragetória marcada por lutas em defesa dos estudantes, da democracia, da educação e da cidadania.
A ULES enfrentou com valentia e sofreu as amargas consequências da ditadura militar que mandou no país de 1964 a 84. Suas diretorias estiveram à frente de movimentos pela redemocratização, pela anistia política, pelo passe escolar, pelo meio ingressos nos cinemas e teatros e pelas eleições diretas, entre outros temas.
Hoje, as lutas da entidade são contra a corrupção em Londrina, por mais verbas para a educação, pelo fim da taxa de inscrição no vestibular da UEL, pela reforma do prédio da sua sede histórica, e pela isenção da tarifa nos ônibus urbanos para todos os estudantes. Com estes objetivos, a ULES realizou no final de março uma passeata com mais de 3 mil pessoas no centro da cidade.
Atualmente com cerca de 13 mil estudantes associados – os que renovaram a carteirinha neste ano –, a entidade não abre mão de campanhas em prol da cidadania. Nos quatro primeiros meses deste ano, a entidade realizou uma campanha pelo voto aos 16 anos e levou mais de 1.500 estudantes ao Fórum para o requerimento do primeiro título de eleitor.
Para marcar os 50 anos da ULES, a diretoria presidida por Adriano Lozado promoveu um show de rock com o grupo Ira, no último dia 5, e vai realizar um jantar por adesão no Empório Guimarães, na próxima sexta-feira. ‘‘Apesar das dificuldades financeiras atuais, precisamos comemorar com festa este aniversário. Afinal, são 50 anos de história’’, comenta o diretor de imprensa, Rafael Augusto Silva.
De acordo com estimativas da entidade, há hoje em Londrina perto de 100 mil estudantes secundaristas, cursando da 5ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. Cerca de 75 mil deles estão nas 71 escolas da rede estadual de ensino gratuito. Aproximadamente 40 mil destes estudantes usam diariamente ônibus urbanos pagos para irem de suas casas às escolas.
‘‘O fim da tarifa nos ônibus para todos os estudantes é nossa principal luta atualmente’’, explica o vice-presidente Ederson Roman, lembrando que o objetivo é diminuir a evasão escolar consequente da falta de dinheiro nas famílias mais humildes. ‘‘Tarifa zero, evasão zero. Este é o lema da nossa campanha. Porque muitos estudantes deixam de ir à escola por falta de dinheiro para pagar o ônibus. Cidades como Maringá – onde opera a mesma empresa de ônibus de Londrina – e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, já contam com o passe livre para os estudantes.’’
Uma comissão da Companhia Municipal de Urbanização (Comurb), que gerencia e fiscaliza o sistema de transportes coletivos urbanos, estuda a reivindicação da ULES e o impacto que ela causaria na planilha de custos da tarifa, que hoje é de R$ 1,00 para usuários comuns e de R$ 0,50 para os estudantes.
Outra grande campanha que a atual diretoria lançará ainda neste ano é por uma ampla reforma no prédio da sede histórica, no número 3.241 da Avenida Duque de Caxias (área central). O imóvel – com mais de 600 metros quadrados de área construída – pertence à prefeitura e foi cedida para uso da entidade em 1960, na comemoração do 10º aniversário.
Em agosto de 1965, a sede foi ampliada e recebeu um grande barracão coberto para bailes, shows e outros eventos. Foi a última grande reforma realizada na sede pela própria entidade. Depois, com o endurecimento do regime militar a partir de 1968/69, os líderes estudantis foram perseguidos e a ULES foi desativada. Quando a entidade tentava se reorganizar, no início da década de 80, a sede sofreu com um incêndio que deixou em pé somente a estrutura de alvenaria.
Da metade da década de 80 até 1992, o imóvel foi ocupado por uma loja de produtos de borracha. Por algum tempo, o barracão – semidestelhado e que ameaça ruir a qualquer momento – esteve alugado ainda por algum tempo para uma associação de skatistas, antes da retomada do prédio pela ULES em 93.
‘‘Minha mãe Vilma, que frequentou muitos bailes aqui na juventude dela, não se conforma de ver o estado de abandono que está este barracão’’, comenta Rafael Silva. De acordo com ele, um projeto para a urgente reforma do prédio – que não conta sequer com banheiro funcionando – está engavetado na prefeitura há vários anos. ‘‘A entidade, que não cobra mensalidade e sobrevive dos R$ 8,00 que cada estudante paga pela carteirinha anual, não tem recursos para fazer a reforma necessária.’’
O secretário municipal de Obras, José Righi de Oliveira, disse que não conhece nenhum projeto e nem se lembra de qualquer pedido de reforma para o prédio da ULES. ‘‘Aqui na minha secretaria, parado não está. Mas penso que seria uma obra importante. A diretoria da entidade deve protocolar novo pedido neste sentido. Estou disposto a intermediar uma negociação com o prefeito para viabilizarmos recursos para esta reforma’’, garantiu o secretário.