Palotina -Uma central de produção de álcool 70, que utiliza como matéria-prima bebidas alcoólicas apreendidas pela Receita Federal, funciona há um mês no setor Palotina (Oeste) da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Até agora, 3.375 litros de bebidas foram destilados e transformados em etanol na forma hidratada, usado para a fabricação de álcool glicerinado 80% e de álcool gel 70 INPM.

Imagem ilustrativa da imagem UFPR Palotina 'transforma' bebida alcoólica em álcool 70
| Foto: Setor Palotina/UFPR

Além de atender à demanda da universidade, os produtos são doados para hospitais, prefeituras e departamentos de segurança pública. A iniciativa é resultado de parceria com MPT (Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho no Paraná e Funpar. Um termo de cooperação técnica, celebrado entre a UFPR e a Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu, garante o produto base pelos próximos cinco anos. As informações são da UFPR.

MOENDAS E ALAMBIQUE

A central utiliza a infraestrutura da usina piloto de produção de etanol da UFPR e é composta por por moenda, dornas de fermentação, um alambique com capacidade de 400 litros, uma torre de retificação e uma caldeira a biomassa para geração de vapor. A capacidade de produção é, em média, de 65 litros de etanol hidratado por batelada (lote), quando utilizadas as bebidas alcoólicas como matéria-prima.

PROCESSO

Inicialmente as bebidas são transferidas para o alambique, que possui uma serpentina por onde passa um fluxo de vapor de água produzido em caldeira que utiliza biomassa como fonte de energia. Assim que a bebida no interior do alambique alcança o ponto de ebulição, o vapor contendo álcool percorre a torre de destilação, que conta com 15 estágios de equilíbrio termodinâmico.

Ao alcançar o topo da torre, o vapor chega ao condensador, região em que é possível obter o álcool na forma hidratada. O volume de etanol hidratado a ser produzido depende da concentração inicial de álcool nas bebidas. A usina também tem capacidade para transformar óleo residual em sabão líquido.

PAPEL RELEVANTE

Para o responsável pela usina piloto, professor Joel Gustavo Teleken, o espaço é de fundamental importância para o momento atual e continuará desempenhando papel relevante na formação dos alunos posteriormente. “Além de atendermos às demandas da sociedade em relação à produção de álcool, a usina serve para o desenvolvimento de atividades didáticas e pedagógicas para os cursos do Setor Palotina e para pesquisas na graduação e na pós-graduação”. A proposta é manter a produção após a pandemia e seguir distribuindo o produto para as áreas de saúde e de segurança da região.

Atualmente a central está usando bebidas alcoólicas apreendidas como matéria-prima, mas ela também tem capacidade de destilar outros elementos, como a própria cana-de-açúcar,insumo bastante utilizado na produção de etanol.

“O projeto é mais um exemplo da importância da universidade pública e das parcerias, pois visa ao bem comum de toda uma sociedade, especialmente em momentos de crise como o que estamos vivendo por conta da pandemia”, avalia a diretora do Setor Palotina, professora Yara Moretto.

DESENVOLVIMENTO REGIONAL

O diretor de Desenvolvimento e Integração (Integra) da UFPR, Helton José Alves, acredita que a iniciativa reforça o papel dos campi avançados no desenvolvimento regional e no atendimento a população. “Neste momento de pandemia, esses campi têm empregado as infraestruturas existentes e aquelas viabilizadas pelas parcerias estabelecidas, além de recursos humanos de qualidade, para a produção e o fornecimento do álcool 70 às entidades públicas e à população mais carente”.

A iniciativa conta com a participação de vários docentes e envolve servidores técnicos administrativos e alunos de graduação e de pós-graduação do Setor Palotina.


APOIO

O projeto tem apoio financeiro do MPT e da Justiça do Trabalho no Paraná que, por meio da campanha “Esta Luta é de Todos Nós” da Funpar (Fundação da Universidade Federal do Paraná), destinaram R$281.400,00 para a central.

A verba doada, proveniente de multas aplicadas às empresas da iniciativa privada que cometeram algum tipo de irregularidade, foi utilizada para a construção de uma pequena edificação que deve garantir as condições adequadas para o funcionamento da usina. A responsabilidade pela execução financeira do projeto foi da Funpar.