A primeira fase do vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina) foi realizada neste domingo (29) para 14.647 candidatos a uma vaga em algum dos 53 cursos de graduação da instituição. Nesta edição, a abstenção foi de 10,5%, já que 16.738 pessoas tinham feito a inscrição. A Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos) afirmou que a taxa de abstenção está dentro do esperado e muito abaixo do que foi visto nas últimas edições. No vestibular passado, o índice geral foi de 36%, enquanto, em 2022, 30% do total dos inscritos deixaram de comparecer às duas fases. Em 2021, por causa da pandemia de Covid-19, o índice de abstenção chegou a 42%

A coordenadora da Cops, Sandra Regina de Oliveira Garcia, explica que a UEL teve uma queda no número de inscritos para o vestibular, mas que a taxa de abstenção de 10,5% é a menor das últimas três edições. Segundo ela, a porcentagem já era esperada, visto que quem se inscreveu para fazer o processo seletivo realmente tinha a intenção de fazer. “[Foi] tudo tranquilo. A gente estava esperando um pouquinho a chuva, mas ela deu uma trégua."

Entretanto, em Guarapuava (Centro), onde a prova também foi aplicada, o cenário foi outro. Houve mais de 25% de abstenções por conta da chuva. “Isso era uma expectativa que a gente tinha pela manhã por conta da chuva nas cidades vizinhas (a Guarapuava), os candidatos poderiam ter alguma dificuldade [de locomoção]”, explica. Apesar de lamentar a situação, a coordenadora disse que não existe a possibilidade de reaplicar a prova.

O tema da prova deste ano foi "Criador e Criatura”, que leva em conta o cenário atual de avanço das tecnologias. “A gente tem sempre que lembrar que o homem está à frente [desses avanços], então o criador é o homem e a criatura é tudo o que é desenvolvido a partir do homem”, explica. A partir das 21h deste domingo, o gabarito já vai ser disponibilizado no site da Cops e no dia 13 de novembro vai ser divulgado o gabarito definitivo já com a convocação dos aprovados para a segunda fase.

Além de Londrina e Guarapuava, a primeira fase foi realizada em Curitiba, Umuarama e Cascavel, mas a segunda etapa, nos dias 26, 27 e 28 de novembro, só acontecerá em Londrina por conta dos cursos que exigem a prova de habilidades específicas.

Airton José Petris, vice-reitor da UEL, considera o vestibular foi um sucesso. “O fato de termos uma abstenção tão baixa [se comparado a outros anos] e, principalmente, estarmos lançando curso novo, o de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, que teve uma boa demanda, é algo que nos deixa cheios de orgulho”, pontua.

Gabriel Turini tenta uma vaga para o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, ofertado pela primeira vez
Gabriel Turini tenta uma vaga para o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, ofertado pela primeira vez | Foto: Jéssica Sabbadini

PROVA DIFÍCIL

Gabriel Turini, 21, prestou o vestibular para o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, que foi a novidade para este ano. Ele conta que estava há um tempo afastado dos processos seletivos, mas que o curso chamou a sua atenção. Ele considerou a prova difícil. “O que pegou mais foram as exatas. São muitas fórmulas que a gente não lembra mais", afirma. “Se não der certo agora, provavelmente vou fazer de novo, só que aí vou estar mais preparado.”

Em seu primeiro vestibular na UEL, Laura Soares, 18, fez a prova em busca de uma vaga no curso de Medicina. A jovem de Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro) ressaltou que o formato da prova é diferente do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), principalmente em relação às questões de verdadeiro e falso e das disciplinas de arte e filosofia, que ela considerou como as mais difíceis.

João Paulo de Freitas, que tentar cursar Educação Física, achou a prova difícil
João Paulo de Freitas, que tentar cursar Educação Física, achou a prova difícil | Foto: Jéssica Sabbadini

Vindo de Piraju, no interior de São Paulo, João Paulo de Freitas, 18, também está em seu primeiro vestibular. Sonhando em cursar Educação Física, ele conta que achou a prova difícil, mas que conseguiu “desenrolar bem”. Ele acredita que vai conseguir acertar um número de questões suficientes para ir para a segunda fase, mas prefere não conferir o gabarito provisório e aguardar a convocação oficial no dia 13 de novembro. “Eu gosto da emoção”, admite .Freitas explica que a namorada também estava fazendo a prova para o curso de Farmácia e que, caso os dois sejam aprovados, a expectativa é de virem juntos para estudar em Londrina.

A engenheira civil Marina Barbalho, 31, explica que está prestando o vestibular para o curso de Medicina porque ela nunca “se encontrou” na engenharia. Sobre a prova, ela conta que a área de humanas foi a parte mais difícil, mas que se saiu bem nas exatas. Ela acredita que não vai ser aprovada neste vestibular pelo fato de que a prova está bem diferente do quando ela fez pela primeira vez, assim como os conteúdos cobrados são outros, mas que vai continuar tentando até conseguir realizar o sonho, que vem de família, já que o pai e o irmão são médicos.

Marina Barbalho é engenheira civil, mas sonha em cursar Medicina
Marina Barbalho é engenheira civil, mas sonha em cursar Medicina | Foto: Jéssica Sabbadini

FAMILIARES

Enquanto os candidatos faziam a prova, muitos pais aguardavam ansiosos e com grandes expectativas do lado de fora dos centros de estudo da UEL. A vendedora Valdilene Bacilar Gonçalves, 50, é de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) e veio acompanhar a filha, Raquel, 18, que está em busca de uma vaga em Biomedicina. Antes da prova, ela contou que a filha estava tranquila e contente de poder conhecer a universidade. “Eu sinto muito orgulho porque é uma menina que sempre foi muito estudiosa, que nunca reprovou e que tem foco e quer seguir [estudando] para ter uma profissão."

Sentada em frente a uma lanchonete, Emilena Meneguel, 44, aguardava o filho, Pietro, 17, que estava fazendo o primeiro vestibular para o curso de Medicina. De Taguaí, no interior de São Paulo, ela admite que estava mais nervosa do que o filho e que nem conseguiu dormir à noite por conta da ansiedade. “Ele gosta de estudar, é um menino caseiro que gosta de ficar lendo, então é um bom começo”, afirma. Segundo ela, o filho tem o sonho de se especializar na área da psiquiatria e que toda a família dá o maior apoio para ele. “Mas ele é muito novo, então a gente fala para ele que se não der certo agora a gente tenta de novo”, pontua, reforçando que, por ser novo, ele pode até descobrir novos gostos e interesses.